Nem todos os cisnes são brancos
Não há um único humano sem a ideia de humanidade, e não há humanidade sem um único exemplar humano. Esta é uma noção fundamental de identidade, noção metafísica platônica caríssima à sociedade ocidental. Significa dizer que porque nos assemelhamos uns aos outros, então, nos inserimos na comunidade das coisas ditas humanas. Assemelhação, contudo, é assimilação. Toda assimilação é uma violência à diferença fundamental entre as coisas.
A diferença escandaliza. O acolhimento da diferença é sempre também uma violência. A diferença, na modernidade, é acolhida pela identidade pré-estabelecida pelo Estado, pela lei (jurisprudência), pela comunidade heterossexual (homogeneidade) etc. O que querem os diferentes? Muitos querem se parecer a. Mas se parecer ao quê ou a quem? O judeu assimilado se parece com o alemão? A assimilação do homossexual à comunidade heterossexual torna o “conceito” de homossexualidade cada vez mais diluído na identidade desejada. É desejável que dois homens ou duas mulheres casem-se, desde que constituam uma família, adotem uma criança, aos moldes do modelo heterossexual, fundamento do Estado “laico”, católico e, agora, evangélico.
A diferença, alienada à assimilação, se esconde por detrás do que Derrida chamou simulacro: simulacro: os gays simulam o modelo heterossexual. Ao simularem este modelo, dissimulam a sua diferença, agora alienada pela assemelhação ao que é vigente e tradicional. Dissimulação.
Claudio Donato
Número de páginas | 23 |
Edição | 1 (2017) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
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