Os lábios, que ora movem moles versos,
Já levantar souberam da vingança
Grito tremendo, a despertar a pátria
Do sono amadornado.
Mas de todo acabou da pátria a glória!
Da liberdade o brado, que troava
Pelo inteiro Brasil, hoje emudece,
Entre grilhões e mortes.
Almas fracas e vis! E vós não vedes
Que o facho horrível, que alumia a senda
Das falsas honras, acendeis no fogo
Que arda o Brasil todo?
Quando mortes fulminam a tirania
E calca aos pés o mérito e virtude.
Uma lágrima sequer não vos arranca
A terra, em que nascestes?
Maldição sobre vós, almas danadas!
Voltara à sua pátria na intenção de revê-la; voltara à sua pátria na intenção de respirar ainda seu ar puro, e de saudar seu magnífico céu; queria no meio dos seus viver os últimos dias, e os últimos anos da existência, já que tantos dias e tantos anos havia residido em estranhos e distantes países.
Sua pátria porém precisou dele; e lhe foi de mister adotar o viver do político; colocar-se à frente de uma revolução, domá-la e guiá-la ao seu fim; organizar enfim um país todo novo, e assim tornar da história desse país a sua própria história.
E apenas quatro anos pode conservar-se na sua pátria...
Nada há como a proscrição para descobrir os mistérios do coração humano; basta que a inteligência se concentre no seu pensar para que harmoniosas vibrem as cordas da harpa celeste, que reside na alma. A poesia aparece sempre majestosa e sublime nas amarguradas e solenes horas do exílio; é o anjo que esvoaça em torno, alimentando as saudades da pátria com o bálsamo suave e resignado da religião: é o cisne que solitário e belo, melancólico e amoroso, corta as águas do lago, e como que pranteia a ausência da companheira: a água do rio que corre placidamente, o vento que susurra nas palmeiras, o cântico que a ave agreste das solidões ecoa, como ecoou nos primeiros dias da vida, na idade infantil. Tudo é poesia no exílio, porque a imaginação se perde na eternidade, o pensamento voa, e o homem não se prende à terra senão pelo vínculo da dor saudosa dos passados prazeres.
Erros porém, e alguns bem fatais, deviam ser consequências da falta de educação política para a verdadeira compreensão das novas instituições. Erros cometeram todos os homens e todos os partidos ao encetar os trabalhos parlamentares no Brasil.
Em política não consiste a dificuldade em destruir um governo, mas sim em constituir outro novo. Belos são, sem dúvida, os dias do triunfo; sucedem-lhes, porém, depois os embaraços, e menos dificultoso é vencer do que manter-se e sustentar-se. O sucesso é pela maior parte das vezes efeito da surpresa.
Número de páginas | 50 |
Edição | 1 (2020) |
Formato | A4 (210x297) |
Acabamento | Brochura |
Tipo de papel | Offset 75g |
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