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MARIO HIROSHI ISHIHARA

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Sobre o autor

Meu nome é Mario Hiroshi Ishihara e sou quase tetraplégico. Movimento-me com dificuldade, mesmo estando numa cadeira de rodas. Consigo mexer um pouco os dedos dos pés e as cochas; todos os meus membros são ligeiramente deformados. As minhas mãos, mesmo um pouquinho mirradas, têm mobilidade para segurar qualquer coisa, mas elas não possuem forças suficientes para movimentar uma cadeira de rodas por toda parte.



Fiquei neste estado quando peguei paralisia infantil ainda recém-nascido. Por isso, não tive uma infância comum, tendo que ir e morar entre os hospitais de São Paulo e de Santo André. Como no começo os meus pais não tinham a menor noção da gravidade do meu estado quando adquiri a poliomielite, eles foram bem tarde ao hospital. Quase à beira da morte, com 40º Graus de febre por pouco mais de três dias, fui internado as pressas e imediatamente me colocaram em uma espécie de incubadora, fazendo terapia intensiva tão-somente para conseguir respirar sem ajuda de aparelhos por longos dois anos. Mas, como eu era muito pequeno, naquele tempo não distinguia o que era uma vida normal de uma vida sacrificante. Na verdade, eu sentia mais em casa nos hospitais do que na minha própria casa.

Eu fiquei por volta de cinco para seis anos em um hospital que cuida somente de pessoas de deficiência física, chamada AACD (Associação e Assistência a Criança Defeituosa). De fato, foi entre os meus onze para doze anos até aos meus dezesseis para dezessete anos. O objetivo de estar lá fora a preparação para as duas cirurgias cruciais que iria enfrentar na coluna, cujo formato parecia um “S” que me impedia se quer de sentar direito. Entre a primeira e a segunda operação teve um espaço de tempo de três anos no qual fiquei ininterruptamente internado sem poder voltar para a minha residência. A segunda cirurgia consistiu em colocar pinos de metal na cabeça e nos joelhos. Neles se prendiam pesos que variavam entre três a cinco quilos, que ficavam suspensos nas duas extremidades da cama. Para fazer uma comparação, era como aquelas mesas de torturas do período medieval onde o coitado ficava deitado e sendo esticado até confessar o seu crime ou morrer de dor.



Nesta fase de reclusão, em muitas ocasiões se realizavam visitas de pessoas que se propunham partilhar da palavra de Deus com os pacientes, dando incentivo e dividindo um pouco do seu tempo. Aí foi o meu primeiro contato real com o evangelho, cujo conhecimento consistia tão-somente crer na existência Dele.



As circunstâncias desse meu tratamento fora o que poderia existir de mais avançado até aquele momento, porém não se cuidou do meu desenvolvimento intelectual nos estágios de internação obrigatórios em que passei. Ou seja, não havia programa de alfabetização nem se quer salas que poderiam os voluntários utilizarem para a prática de algum ensino periódico.

Já notando as dificuldades sociais futuras e vendo partirem todos os meus amigos do hospital, resolvi aos dezessete anos parar com o tratamento médico no intuito de me dedicar aos estudos. Depois de um ano para adquirir o certificado da quarta série do ensino básico, entrei no curso de supletivo no escopo de completar o resto do ensino básico, o médio e até completar o segundo grau. Este percurso todo durou em torno de quatro anos. Determinado a entrar na Faculdade, cursei meio ano de cursinho e prestei o Vestibular para a área de Direito. Com muito sacrifício fiz os cinco anos na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e estou praticando a advocacia há quase onze anos na cidade de Rio Grande da Serra.

No final da Faculdade conheci a igreja que frequento até hoje onde participo de atividades evangelísticas, uma delas são as visitas que faço nos hospitais para visitar os pacientes e recordo na época que vivenciei as visitas estando no outro lado. Essas lembranças trago comigo como experiência única de poder de alguma forma agradecer a Deus pela minha existência.
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