CAPITÃO SALVA-PUTAS

& Outras Histórias

Por Leandro Francisco de Paula

Código do livro: 38755

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Literatura Nacional, Humor

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Sinopse

Trata-se de uma coletânea de contos e crônicas escritas por Leandro Francisco de Paula.

Algumas trazem muito humor. Outras são belas e trazem certo romantismo. Não são poucas as histórias que fazem escorrer algumas lágrimas, seja de alegria ou de emoção.

_________________________________________________________Leandro Francisco de Paula nasceu em Curitiba, Paraná, em 1984. Desde pequeno já demonstrava interesse pelo mundo das letras, pois sua mãe trabalhava numa biblioteca e lá ele se deliciava com os livrinhos infantis. Com 12 anos escreveu seus primeiros poemas. Quando completou 15 anos, tentou publicar uma coletânea de poemas, mas o custo era muito grande e ele acabou desistindo da idéia. Encontrou a internet logo depois disso. Começou a escrever seus textos em blogs. Com 20 anos, entrou no curso de História da Universidade Federal do Paraná. No meio do curso, teve possibilidade de fazer um intercâmbio para os Estados Unidos, onde ficou um semestre estudando na Winston-Salem State University; o autor acredita que essa passagem pelo território americano foi um marco na sua vida. Em 2008 voltou a tentar escrever poemas, contos e crônicas num site financiado pelo governo. Conheceu o site Bookess e logo se interessou pela idéia de publicar livros online. Iniciou seu primeiro livro ainda nesse ano (Metamorfezes), o qual teve (e ainda tem) um retorno positivo do público leitor. Em 2008 ainda, formou-se historiador. Já no ano seguinte, 2009, iniciou o curso de Mestrado do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal do Paraná. Nesta instituição realiza sua pesquisa relativa a homens de cor em corpos militares no Brasil Colonial. Tenta, assim, conciliar a vida de pesquisador com a de escritor.

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Mimo, um gato esperto

XIV

Tinha 8 anos quando conheci o Mimo. Sabe aquele animal que parece um ser humano? Inteligentíssimo! Se é que podemos considerar todos os seres humanos de inteligentes. Porém, o bichano era doido. Vivia subindo em uma das árvores que havia no nosso terreno. Era como um ninja. Na velocidade quase da luz (que exagero) ele chegava lá no topo e ficava onipotente observando a rua. Quem sabe aparecesse um passarinho por ali? Mimo era um siamês bem gordinho. Eu gostava daquela cor dos pelos dele. Parecia um gato de desenho animado. Era bem caricatural. E, como todo o gato, tinha aquele ar de superioridade. Mimo era de uma nobreza esnobe; um fidalgo preso em pele animal. Faltava só a coroa pra torná-lo um verdadeiro monarca.

Como era esperto aquele bicho! Ele aprontava as traquinagens e fazia de conta que não era com ele. Não foram uma ou duas vezes que ele roubou algum pedaço de carne da panela. Minha mãe ia com tudo de cabo de vassoura na mão. Às vezes quase o acertava, mas ele era extremamente rápido. Ou a minha mãe que não queria machucá-lo. Ela queria dar a entender que não gostava dele, não gostava dos pelos que ele deixava pela casa, do cocô que ele deixava (sempre no quintal, pois ele era muito higiênico). Xixi também, fazia só no quintal. Eu acho que aquele gato sabia que não podia fazer essas coisas dentro de casa! Acredito que com um pouco de treinamento ele poderia até mesmo se limpar...

Mimo tinha um sexto sentido super aguçado. Ele previa as coisas de uma maneira que até hoje não entendo. Se adiantava em tudo de forma surpreendente. Adivinhava quando a gente ia dar comida pra ele. Se um cachorro invadisse nosso quintal, lá estava ele, de antemão, no topo daquela árvore, sentadinho no seu trono. Nada lhe escapava. Se a gente estivesse achando graça dele, fazendo cara de "óin, que bonitinho", logo ele vinha se esfregar nas nossas pernas, sentar no colo. Era super carinhoso, até anormal para um gato. Outra coisa incrível é que ele sabia também quando estávamos falando mal dele! Vou contar um fato que aconteceu para vocês entenderem:

Meu pai era e ainda é um exímio jogador, assim como eu. Ele disputava torneios de baralho, sinuca, pebolim, dominó, e assim por diante. Tinha diversos troféus que ficavam em cima de uma cristaleira. Não é que num belo dia o nosso querido Mimo foi se engraçar com as estatuazinhas? Ficou lá, brincando, dando soquinhos nelas, empurrando. E meu pai nem percebeu, pois estava no sofá vendo algum programa bobo. De repente, não sei como, o gato derrubou um dos troféus. Adivinha onde foi que ele derrubou? Bem na careca do meu pai! Aquela mãozinha da estátua fincou na cabeça dele e ele deu um grito alto! Claro que Mimo já estava longe antes mesmo de meu pai olhar pra ele. O gato sumiu uma semana, mais ou menos, depois do incidente.

Só que meu pai não esqueceu o fato, até porque ainda tinha a marca do troféu na careca. No entanto, não fez nada contra o Mimo. Apenas reclamou dele. Aí que vem o lance interessante: quando a gente reclamava dele, ele abaixava as orelhas! Parecia que ele ouvia a conversa. No primeiro "Esse gato é um.." ele já tava abaixando as orelhinhas e saindo de fininho.

Esse era o meu magnífico gato. Agora vem a parte trágica da história.

Mimo era arteiro, já falei. Acontece que ele não fazia suas estripulias apenas na minha casa. Ele andava pela vizinhança fazendo arte. As pessoas vinham contar pra gente sobre as tentativas dele de roubar comida, ou quando tinha caçado um rato, e até mesmo quando tentava pegar algum passarinho engaiolado. E a maioria dos vizinhos gostava dele.

Porém, alguém não gostou. Num dia tenso, muito tenso, quando eu tinha meus 12 anos, por aí, Mimo apareceu deformado. Haviam jogado água fervente nele. Coitado. O rosto dele, as patas traseiras, uma parte das costas, tudo estava queimado. Ainda bem que ele não ficou cego. Porém, dava pra ver que aquilo doía. E doeu mais ainda em mim. Meu gato nunca mais foi o mesmo depois daquilo. Perdeu a agilidade, não subiu mais no seu trono, passou a não ter mais tanta coragem. Parecia estar traumatizado. Passou a ficar sempre quietinho no seu canto, triste. Eu fazia carinho nele e ele retribuía. Sabia que podia contar comigo. Ele podia ser considerado um gato feio para os outros, pois estava deformado, mas pra mim ele ainda era o mesmo Mimo, lindo e inteligente. Meu querido siamês.

Ainda não chegou o momento mais trágico.

Mimo morreu. Talvez tenha acontecido num dia em que ele criou coragem e tentou novamente ser o gato esperto de antes. Acabou entrando numa casa e não saindo mais de lá. Havia dois cachorros ferozes nela. Não sei ao certo se eram da raça doberman, mas é isso que me vem à mente. Só sei que os cães o estraçalharam. Quando me contaram o fato, chorei, ainda que escondido. Meninos não choram, não é? Imagine um homem de 13 anos! Nem quis buscar os restos mortais dele. Não o enterrei. Não tive coragem. Preferia pensar que ele havia sumido. Que foi conhecer o mundo. Foi caçar os ratos de algum país distante. Quem sabe entrou num navio de cruzeiro? Poderia estar na China. Nos Estados Unidos. Ou teria aprendido a voar e agora estava lá no alto, sentadinho no seu trono nos observando, sempre com aquele ar esnobe.

Até hoje quando vejo um gato eu lembro do Mimo. Quero um dia encontrá-lo, se for possível. Acredito que os gatos devem ter alma. E ele deve estar em algum lugar por aí roubando comida de algum anjo.

Mimo, aonde você estiver, esse texto foi feito pra você. Um dos animais que mais amei na vida e que ainda amo. Um amigo no qual eu sempre pude confiar.

Um ser especial.

Um gato voador.

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Como ser um loser

V

Primeiro, tenha internet. É necessário para virar loser. Tá vendo algum limpador de fossa aí na net? Não? Ele tá comendo alguém.

Ou seja, você que está na net tem o potencial de ser mais loser do que o cara que trabalha com merda.

Segundo: seja extremamente tímido. O professor VAI fazer perguntas pra você na aula e suas pernas VÃO tremer muito na hora de responder.

A menina feia que tá na festa olhando pra você não te quer! Ela tá somente observando um sujeito mais feio que ela.

Não pratique esportes. Não goste de futebol Prefira coisas de nerd, como baixar todos os episódios de Star Wars.

Vai sair com amigos? Deixa disso! Existe o Redtube! Veja os principais vídeos amadores feitos por sujeitos que poderiam ser você!

E lembre-se, o lema do Loser é: Eu não posso, eu não consigo, eu sou fraco.

Amigos de verdade? Que isso meu camarada! Os virtuais são muito melhores!

Vão sempre te bloquear quando você estiver triste e precisando de alguém; vão mandar recados via scrap; te seguirão no twitter...

Cinema com a gatinha? Nada! Baixe filmes! Principalmente no megaupload! E no sábado à noite, quando todos estiverem nos pubs se divertindo!

E depois de assistir, entre nas comunidades do orkut do filme que assistiu e abra tópicos nos quais só você vai postar. Seja inteligente!

E saiba que pelo menos sua mãe e seu pai gostam de você! Apesar de eles olharem pra sua pessoa com cara de certo arrependimento.

Depois de uns 3 anos sem pegar ninguém, sem conseguir amigos de verdade, sem um emprego decente, sem nada, você se tornou um Loser.

Comemore com veemência! Conte a todos os seus amigos virtuais o seu feito! Mande scraps; escreva uma crônica sobre losers.

E sempre acredite que amanhã é outro dia. Mesmo que amanhã seja um eterna repetição disso tudo. Pois ser Loser é irreversível.

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Características

Número de páginas 186
Edição 1 (2011)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Offset 75g
Idioma Português

Tem algo a reclamar sobre este livro? Envie um email para atendimento@clubedeautores.com.br

Fale com o autor

Leandro Francisco de Paula

Meu nome é Leandro Francisco de Paula e sou mestre em História pela Universidade Federal do Paraná. No entanto, dedico algumas horas também à literatura.

Biografia resumida: Leandro Francisco de Paula nasceu em Curitiba, Paraná, em 1984. Desde pequeno já demonstrava interesse pelo mundo das letras, pois sua mãe trabalhava numa biblioteca e lá ele se deliciava com os livrinhos infantis. Com 12 anos escreveu seus primeiros poemas. Quando completou 15 anos, tentou publicar uma coletânea de poemas, mas o custo era muito grande e ele acabou desistindo da idéia. Encontrou a internet logo depois disso. Começou a escrever seus textos em blogs. Com 20 anos, entrou no curso de História da Universidade Federal do Paraná. No meio do curso, teve possibilidade de fazer um intercâmbio para os Estados Unidos, onde ficou um semestre estudando na Winston-Salem State University; o autor acredita que essa passagem pelo território americano foi um marco na sua vida. Em 2008 voltou a tentar escrever poemas, contos e crônicas num site financiado pelo governo. Conheceu o Bookess e logo se interessou pela idéia. Iniciou seu primeiro livro ainda nesse ano (Metamorfezes), o qual teve (e ainda tem) um retorno positivo do público leitor. Em 2008 ainda, formou-se historiador. Já no ano seguinte, 2009, iniciou o curso de Mestrado do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal do Paraná. Nesta instituição realiza sua pesquisa relativa a homens de cor em corpos militares no Brasil Colonial. Tenta, assim, conciliar a vida de pesquisador com a de escritor.

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