Bárbara Pérez, poetisa, escritora, fundadora e Presidente da Academia Marataizense de Letras, Diretora do Grupo de ‘Jongo Maria Preta & Zé Porto’, Fundadora e Coordenadora da Associação ‘ Mulheres em Ação de Marataízes ’e Da Associação “Folclórica Histórica e Cultural de Marataízes”. Autora de vários livros e possui obras em andamento. É integrante de várias entidades acadêmicas no Estado e até no exterior.
Ativista e Produtora Cultural com inúmeros projetos realizados em Marataízes e outras regiões. Servidora efetiva municipal e apaixonada pela exuberante Marataízes que a acolheu de forma respeitosa.
Contatos: nursebarbaraperez44@hotmail.com / academiamarataizensedeletras@yahoo.com.br
Telefone: (28) 998834226
A MENINA DOS SAPATOS DE PLÁSTICO
A brincar pela "Rua Nova" toda a criançada fazia a maior algazarra, mas o que atraía a maioria das crianças, não surtia o mesmo efeito na pequena menina de olhar distante e de cabelos encaracolados. Tudo nela era diferente, e com certa altivez de quem sabia mais que a meninada em geral, ela simplesmente menos (prezava) o que nos agradava. Por certo, já naquela época pairava em sua cabeça, lindos contos e causos que faziam com que nada mais lhe chamasse a atenção.
Só uma coisa ela tinha em comum com as demais meninas de nossa rua: a vontade de estudar. E nem mesmo as dificuldades de uma família humilde a fizeram desistir de seus sonhos. Algumas recordações de nossa infância eu tenho por haver participado, outras eu sei por havê-las ouvido sendo (re)contadas. Então vamos lá. Uma dessas recordações, sempre que posso, conto aos meus filhos (é lição de vida, quando pensam que estão passando por dificuldades). É de quando minhas duas irmãs foram estudar no “Grupo Escolar Manoel Franco”, e por causa de nossas dificuldades financeiras, precisaram estudar em horário alternado (não o Grupo, não era uma escola particular). A dificuldade era comprar os sapatos pretos (a escola exigia sapatos) para as duas meninas ao mesmo tempo, daí veio à solução: uma estudaria pela manhã e a outra à tarde. E assim seria: as duas meninas, mais ou menos ao meio dia, deveriam encontrar-se no meio do “morro”. A que estudava à tarde subiria até a metade do morro descalça, e quando encontrasse a irmã, esta tiraria os sapatos e os passariam à irmã que terminaria seu trajeto até a escola, calçada com os sapatos pretos de plástico. Se fossem olhar essas e outras tantas dificuldades, a menina de olhar distante e de cabelos encaracolados, talvez não tivesse até hoje alcançado alguns de seus objetivos, mas como toda “escrevinhadora” ela, já naquela época, sabia que tudo que tem que ser, de alguma forma encontra um jeito de chegar ao seu destino. Naquela época, mesmo sem saber o que era customizar, nossa mãe encomendava fartas quantias de retalhos vindos do Rio de Janeiro, através de Dona Candinha, nossa vizinha, e costurava os nossos vestidos emendados que servia de zombaria das meninas (ricas) da época. Hoje é moda para ricos e menos favorecidos.
A menina dos sapatos de plástico, hoje se tornou mãe, avó, enfermeira e mais que tudo, tornou-se a “poeta Bárbara Perez”, que conta, encanta, encontra, causa, arrasa, sinaliza, sintetiza, socializa e eterniza em palavras escritas seus sonhos de menina da antiga “Rua Nova” em São José do Calçado.
Maria José Peres Gama
Professora.
| Número de páginas | 189 |
| Edição | 1 (2021) |
| Formato | A5 (148x210) |
| Acabamento | Brochura c/ orelha |
| Coloração | Colorido |
| Tipo de papel | Couche 150g |
| Idioma | Português |
Tem algo a reclamar sobre este livro? Envie um email para atendimento@clubedeautores.com.br
Faça o login deixe o seu comentário sobre o livro.