FESTA FÚNEBRE

(...) Outro automóvel, de cor prata, atravessa a rua e Jorge freia bruscamente. Quando pensa em dar ré, o carro azul-escuro surge logo atrás. De ambos os veículos saem homens exibindo pistolas robustas e niqueladas. Os transeuntes correm deixando o local quase que deserto.

O coração do jovem acelera e suas vistas embaçam. Sente um cheiro adocicado de rosas misturado com o odor amargo de poluição. Se atenta às inúmeras folhas roxas que salpicam o asfalto. Estas caíram das árvores que estão enfileiradas nas calçadas que se arqueiam sobre a rua produzindo sombras espessas. Não teria fama alguma, tão pouco dinheiro. Seria apenas mais alguém a ser assassinado na cidade de São Paulo. (...)

Assim começa a história de Jorge. Ele canta e compõe músicas populares em São Paulo. Só não pensava que o preço para se alcançar o sucesso seria tão alto.