Quando não falo escrevo

Sou autista e desde criança sempre fui curiosa, queria saber sobre tudo que existe, pensando que assim poderia entender os motivos acerca da existência, mas claro, não encontrei respostas muito satisfatórias, e quanto mais eu estudava, mais eu entendia sobre a vida e a dissonância que eu tinha em relação a ela, entendia tudo que era me imposto de forma implícita. E eu sem ter o direito de fazer questionamentos, quando assim os fazia por força da expressão sofria coações sem entender os porquês das regras de comunicação e os porquês envolvidos diante de mim mesmo, e logo isso se estendeu até os dias de hoje, até os meus presentes 23 anos, e provavelmente assim será por toda a vida. Meu único refúgio de expressão era tirar de mim as nuances vividas por todas as histórias e questionamentos imaginados por meio da escrita. Me recordo que aos seis anos já estava escrevendo minhas próprias histórias sobre personagens animalescos abandonados à própria sorte por sua diferença em relação aos outros, e era assim que eu me sentia e me sinto até hoje.