O livro “Um Astro” é história de um amor não aceito socialmente, fora dos padrões de beleza dos contos de fada, mostra que amores reais, são imperfeitos e não aceitam fórmulas ou estereótipos, pois o que existe são pessoas de verdade, com medos, inseguranças e sentimentos vis; a situação existente, é esta, onde há glórias, mas também há dor, há alegria, mas há sobretudo o medo a espreitá-la.
Os homens vestem negro, têm barba, são duros, falam palavrão, são frios, nem sempre tão lindos, nem sempre tão perfeitos, mas ainda assim, têm coração, logo, possuem a capacidade de amar, e assim, paradoxalmente, tornam-se o mais belos príncipes, desencantados.
Állan é um homem marcado por um passado atormentador, que luta com a vida e se torna, um grande astro. Izabel, é uma menina, que aquele pensa e cria como filha, mas esta, não o tem como pai.
Atormentado, Állan tenta de todas as maneiras fugir do que é socialmente errado, culpando-se, por tudo de mais belo que poderia ocorrer em sua vida, produto do meio, não pensa ou age por si próprio, mas segue as regras de uma sociedade decadente e hipócrita. Dividido entre o que lhe convém e o que deseja , mergulhado em desespero escreve:
“Em um homem, dois sentimentos.
Paradoxos talvez.
Pior é acreditar, fazer-se crer,
Em você, no que pensa, no que sente e mente.
Insiste, convence-se do que não acredita.
Pra que se possa olhar novamente.
Ou desacreditar no que se é
Como se fizesse sentido
Na verdade tanto faz
Olhar-se no espelho é ver algo parecido com você.
É a sua imagem sem observância
Como você gostaria de ser, se pudesse escolher.
Escolha – Impossível.
Fecho os olhos e assisto a única cena que não posso.
Meus ouvidos ouvem o único som que não podem ouvir
É como se a voz da cítara mágica me inebriasse.
Derramou-se o doce vinho em lábios tão impuros.
O vinho virgem maculou meus lençóis
Minhas mãos fétidas profanaram, maravilhosamente, o templo sagrado
Tenebroso é ter de viver maculadamente
Depois de experimentar a mais alva brancura
É ter de mentir, blasfemar
Ignorar...
Ah sentimentos.”
E Izabel, culpada, adolescente, apaixonada...
“Amar é tão estranho”
Como é possível uma palavra encerrar tantos sentimentos e emoções? Como pode uma única palavra ser capaz de traduzir aquilo que se passa camuflado, escondido e mascarado em meu coração, como ela pode? Se para mim ele é tão dissimulado? Pode?
Não é só o amor que é estranho, tudo me parece estranho, as pessoas mais amigas me são estranhas nesta hora. Os lugares que vejo e que conheço no escuro, me são desconhecidos agora. E eu de quem todos esperam boas e magníficas respostas, não tenho como pensar, nem sei quem sou. Subjugada desta forma, beirando o precipício, caminhando de mãos dadas com a loucura, tão esperta tola!
Tudo é tão estranho...Incoerente...Destoante!
Não sei o que é – substantivo, não sei o que é amar, não sei o que significa amando ou amado...
Sei que sinto vontade de vê-lo, é, ele mesmo. Olhá-lo, tocá-lo senti-lo. São ações com as quais eu conheço o mundo. Sei que é impossível mas o saber já não tem importância diante do que não sei , e é o que mais importa neste momento.
Eu não quero o mito, quero o homem...
Seus olhos, suas mãos, seus sorrisos, seu gênio impossível. Seu jeito travesso, uma palavra feia habitando incorretamente seus lábios saborosos...É fácil vê-lo assim, enxergá-lo já não sei se é tão fácil. Ele gosta de pique-esconde, fazer-se mal. Mentir-se e acreditar no que conta...
Mas o que ele esconde, é o que melhor o define e eu gosto tanto...
Gosto dos trejeitos de seu rosto nos mínimos movimentos da face, sua testa desenhando um ponto de interrogação, gosto de seus lábios quando passeiam sorrisos bondosos e maliciosos que ora fazem dele um menino travesso e ora um homem desejado, gosto do retesar desses lábios quando ele está furioso, gosto de seus dentes pequenos, não muito brancos mas perfeitos, gosto do jogar de cabelos para o lado esquerdo, gosto do seu piscar demorado e revirado, gosto de seus passos saltitantes, de sua perna curta, barriga musculosa e braços finos e desenhados, de sua orelha furada, sua sobrancelha acidentada,. Gosto sobretudo de seu coração que ele insiste em dizer que não, mas é tão grande... É lindo.
Gosto de sua voz rouca e forte, seus cabelos enormes, pesados, embaraçados, embolados, seu toque suave e seguro. Gosto de seu olhar que seduz e emociona, gosto do seu jeito simples de dizer as coisas mais tocantes e profundas, gosto de seu cérebro brilhante e ainda mais de sua personalidade singularmente louca, perfeita e bela...
Meu Deus, o que é isso? Uma sucessão de gritos surdos embriagados por inebriantes sonhos adolescentes ou será que é o aproximar de Állan que me faz pensar e dizer coisas absurdas, ou ainda o leve cheiro de seu suor altamente alucinógeno que me levou à loucura irreversivelmente?
Perguntas, perguntas, perguntas.
Eco, eco, eco.
Cansado de lutar contra si mesmo e perder, depois de dar e receber sofrimento Állan a aceita como a um milagre, mas o tempo que lhe sobra já não é suficiente....
Número de páginas | 482 |
Edição | 2 (2012) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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