A Estrada e o Tempo

“A Estrada e o Tempo” aborda escolhas frequentemente influenciadas pelos valores de uma sociedade voltada ao dinheiro e ao poder. O autor transita entre dois universos opostos: a zona de miséria e os ricos casarões de um bairro nobre em uma antiga cidade. Ele narra circunstâncias que envolvem ganância, soberba, hipocrisia, assassinato, redenção e amor, enquanto critica de forma irônico-trágica as estruturas sociais dos grandes centros urbanos e o descaso das instituições públicas. Embora não seja explicitado na obra — talvez para dar ao leitor a sensação de que tudo é ficção —, o romance se passa na cidade do Recife, entre os anos sessenta e oitenta, em um contexto político-social turbulento seguido pela redemocratização do país. Os relatos sobre intervenções urbanísticas na região central da cidade, ocorridas no início do século XX, não são fruto da imaginação do autor, mas sim um retrato da realidade, quando centenas de moradores e comerciantes foram removidos sob o pretexto de inserir a cidade no "circuito das cidades modernas", resultando na formação de bolsões de miséria que se espalharam ao longo dos anos.