A mocinha com o seio queimado.

Um romance policial sobre um episódio real.

Por Yoseph Yomshyshy

Código do livro: 263984

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Crimes Verídicos, Ficção e Romance, Literatura Nacional

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Sinopse

Outono, ano quarenta e dois do século vinte – mil novecentos e um a dois mil – é vinte de março quando um espermatozoide errante, tipo X, dentre trezentos milhões, alcança um ovulo na menos errante que desliza no interior da Trompa de Falópio, e, unindo-se a ele se transforma em um zigoto, que vai, futuramente, desenvolver um embrião.

No caminho da eternidade surgira um novo ser a partir daquele zigoto?

Com certeza!

Não haveria duvidas!

Aquele embrião inocente não sabe, mas tudo já fora providenciado, pois, por determinação da Criação há de viver por um período de longos duzentos e setenta e um dia aos duzentos e noventa dias, como uma espécie de parasitas, alimentando-se por intermédio de um cordão umbilical, mergulhado em uma piscina provida não com agua, mas, com liquido amniótico, a vida intrauterina.

Considerando-se que o embrião não detém a prerrogativa da Juris Personalis, contrataram para ele o aluguel de um quartinho quente e aconchegante, sob a modalidade prevista nas regras do direito civil e conhecida como comodato, dotado com cortinas em tecido especial, aveludado, na cor vermelha sangue e uma piscina não com agua, mas com outro liquido que, mais tarde, aquele embrião haveria de conhecer por liquido amniótico.

O referido contrato de aluguel – na modalidade Comodato – fora firmado, em sua condição bilateral pela proprietária e o ocupante daquela espécie exótica de imóvel, representado por um único cômodo diminuto com a dimensão de uma pera ou de uma das mãos humanas fechadas, denominado útero, sem direito a renovação, ainda que fosse automática, devendo ser, sumariamente, resilido ao decorrer dos duzentos e noventa dias de prazo máximo.

Naquele quartinho quente e aconchegante o hospede, no interstício dos duzentos e noventa dias, talvez um pouco menos, receberia, graciosamente, a alimentação da qual necessitasse para se desenvolver, as vestimentas, as roupas destinadas a forrar a caminha onde dormiria o sono dos aspirantes a vida extrauterina, mas não poderia ver a luz cósmica porque naquele aposento não teria janelas, somente uma porta que se abriria quando resilisse o contrato.

A alimentação e os líquidos providenciais para a vida lhe chegariam por intermédio de uma sonda especial, que permaneceria atrelada ao seu corpinho em formação, e somente seria extraída no momento em que providenciasse a resilição do Instrumento Contratual, na modalidade de Comodato, substituindo a vida intrauterina pela vida extrauterina.

Sentiria medo no momento de transição desses tipos de vida porque o seu corpinho frágil e inseguro, sofreria uma espécie de terremoto que o faria tremer e se encolher aos cantinhos aquele antigo quartinho quente e aconchegante, agora improprio para habitação.

Mas, isto seria inevitável...

Desejaria continuar por ali, prorrogar o período contratual, mas, de acordo com a cláusula prazo, daquele instrumento contratual, não seria possível a renovação por um novo período e, assim, não haveria argumentos plausíveis nesse sentido.

Acuado, o personagem veria, a cada instante, as intempéries daquele terremoto se intensificarem e, de repente a porta, que permanecera sempre fechada, como se fosse uma espécie de um túnel, a princípio obscura, se abriria a sua dianteira.

O que seria aquilo?

Refletiria, ainda; quando um empurrão mais forte provocado pela intempérie, que se assemelhava a uma serie ininterrupta da espécie de terremotos, lhe empurrara de encontro a abertura, fechamento, sabe lá; daquele túnel exótico e estranho que, agora, se abriria perante os seus olhos.

Naquele temor momentâneo pelo desconhecer do que acontecia, sentiria que a sua cabecinha se comprimiria na altura das duas têmporas sem sequer saber que se tratavam das moleiras laterais, que se comporia aos três meses, pressionadas pelas paredes daquele túnel, se fechavam para facilitar a sua passagem.

O quê?

A minha cabecinha está sendo estrangulada, não sei se faço força para ir em frente o se procuro voltar para o quartinho quente e aconchegante de onde vivi todo esse tempo.

Uma vozinha distante me dizia:

- Abram-se aspas – Não! – fecham-se aspas.

- Abram-se aspas - Não pode voltar ao status quo ante! – fecham-se aspas.

- Abram-se aspas - Aquele aposento não lhe serve mais e, depois, chegou o tempo em que deve deixar de ser; eternamente, parasita para ser um elemento independente em todos os sentidos. – fecham-se aspas.

Abram-se aspas – Doravante trocarás a vida no interior daquele quartinho quente e aconchegante, com movimento e ações limitadas, por um salão elegante, belo, representado por uma bolha composta não por liquido amniótico, mas, por setenta e oito partes de cem de nitrogênio e vinte e uma partes de cem de oxigênio onde deverás aprender a viver. – fecham-se aspas.

- Abram-se aspas – Na verdade, esse é o caminho destinado a todos que estagiam naquele quartinho quente e aconchegante, a princípio pelo mesmo período, já que alguns, mais apressados, providenciam a transmutação em tempo menos elástico. – fecham-se aspas.

A cabecinha atravessou o túnel para lá de exótico, depois o tronco, os bracinhos, as pernas, o corpo inteiro...

A sensação era horrível, faltava-lhe o folego, sentia fome, sede e algo que jamais havia experimentado.

A vozinha esclareceu:

- Abram-se aspas – Sabe? – fecham-se aspas.

- Abram-se aspas – Você acaba de deixar de ser parasita para se tornar um ser independente. – fecham-se aspas. ]

- Abram-se aspas – Como ser independente vivendo nessa bolha de gases composta por – nitrogênio, oxigênio e gases raros -, todos devem aprender a inspirar o oxigênio e expirar o carbono; alguém vai lhe ajudar. – fecham-se aspas.

Naquele frio que quase o consumia, de repente, sentiu uma tapinha nas nádegas e, com o efeito de uma sensação chamada dor, veio o choro, com o choro a inspiração, com a inspiração a expiração e aquele antigo embrião; que antes vivia naquele quartinho quente e aconchegante era, agora, independente.

A noite estava quente, pois era um dos verões no Hemisfério Sul, havia uma luz esquálida refletida de um incomensurável espelho chamado Lua quando, às vinte e uma horas e dez minutos, a transformação de parasita em ser independente ocorrera; era uma sexta-feira, aos oito dias do mês de janeiro.

Pequenina havia, de acordo com os beneplácitos dos céus, acabado de oferecer, por meio do amor materno, a vida a um personagem que, doravante, se chamaria Zequinha da Pequenina.

Zequinha da Pequenina, um par de olhos na cor castanha escura, quase preta, um nariz característico da raça indígena, um par de ouvidos e uma boca e, completando, dois braços, duas mãos, dez dedos, duas pernas, dois pés, dez artelhos e um sexo para o prazer e a reprodução, sendo a personagem declarada gente na avaliação da ciência;

De fato, era gente!

O tempo urgiu.

Zequinha da Pequenina cresceu, foi menino com as calças curtas, alcançou a puberdade, se tornara adolescente, fizera-se homem e, no âmbito da eternidade não efêmera e passageira, não insólita e infrequente além de não transitória e temporária, não reuniu forças para fugir da tentação que, no decurso do texto deste romance se verá.

Entrementes, em outro contexto da perene e incontestável eternidade, em um dos outonos, prenuncio de inverno mais frio e intenso, havia de ocorrer que um espermatozoide do tipo Y mais afoito e ousado do que os duzentos e noventa e nove milhões novecentos e noventa e nove mil, que lhe seguiam na corrida pela sobrevivência, ousou romper a finíssima película que protegia um ovulo errante na Trompa de Falópio, obstruindo o caminho aos demais.

Na realidade, era um final do mês de abril e, sendo um final do mês de abril as flores dos Ipês Roxos não havia ainda colorido às inóspitas paisagens e alegrando aos pintassilgos e canários que esvoaçavam à luz esquálida que provinha do astro-rei, porem as quaresmeiras já haviam se despido das capas na cor verde para e se preparavam para vestirem-se com o azul arroxeado de suas pobres e enigmáticas flores.

Depois de se confinar na espécie de quartinho quente e aconchegante para o estagio que prepararia o ser humano para, deixando para trás a vida sedentária de um parasita se tornar, afinal, um ser transformado e independente, Caroline da Safira, depois de decorridos o interstício dos duzentos e noventa dias, resiliu o Contrato de Comodato e, como qualquer semelhante, atravessou sem delongas o túnel obscuro que conduz da vida intrauterina para a vida extrauterina.

Ao se apresentar diante do mundo não efêmero e não passageiro; não insólito e não infrequente; não transitório e não temporário, ostentava em seu corpinho angelical, como todos os nascituros, um par de olhos na cor do mel com leve estrabismo, um nariz próprios dos europeus, um par de ouvidos e uma boquinha anatomicamente perfeita e desenhada em uma cabecinha com cabelos aloirados.

Completando, dois bracinhos delgados, duas mãozinhas que não paravam de mexerem-se, dez dedinhos, duas perninhas que ora se abaixavam, ora se erguiam, dois pezinhos e dez pequeninos artelhos, protótipos de seios e um sexo para o prazer e a reprodução humana.

A ciência se apressara em determinar que se tratasse de gente!

De fato, era gente.

Caroline da Safira, depois de atravessar aquele túnel obscuro e se permitir deixar de ser um parasita para se tornar um ser independente, sugara o colostro, no seio materno; que iria desenvolver os anticorpos necessários para a imunização das enfermidades que, no decorrer da existência efêmera e passageira, insólita e infrequente, transitória e temporária, pela corruptibilidade do corpo humano, perecível, haveriam de surgir como instrumento para o cumprimento da pena de morte instituída no Jardim do Éden.

Passaram-se trinta, sessenta, duzentos e quarenta dias, os meses em sua subsequência; um, dois, quatro, oito anos; a primeira infância decorrera, viera a puberdade e, certa noite, uma senhora intrépida viera lhe visitar, sem que Caroline da Safira estivesse, devidamente, avisada da visita da dona Menarca.

Por isso mesmo, ao sentir-se umedecida pela mistura de estrógeno com ínfima quantidade de sangue dos pequenos vasos que se formaram no endométrio, e que, por isso mesmo, pela ausência da fecundação, se romperam no organismo; se apavorou.

Caroline da Safira, desconhecendo o próprio corpo e a ordem natural em sua feminilidade, envergonhada; no dia seguinte procurara pela Yara da Iris, uma de suas coleguinhas cuja mae, aberta para o dialogo, lhe ensinava todas as nuances da vida de mulher.

Iris dissera para Yara da Iris que, depois de completar dez anos, a qualquer momento, ela haveria de sangrar pelas pernas abaixo.

Yara da Iris quisera saber:

- Abram-se aspas – Como assim mae? Eu não quero sangrar pelas pernas. Deve ser ruim! – fecham-se aspas.

Retomando a palavra Iris procurara ser mais explicita...

- Abram-se aspas – Bem! Eu vou procurar ser mais clara na explicação. Afinal, você já está mocinha e deve tomar conhecimento daquilo que as mulheres da antiguidade chamavam de costume das mulheres. Na verdade não é bem assim; não é bem pelas pernas que você vai sangrar. Lembra-se do dia em que a mamãe falou que você podia deixar os meninos tocar em você, menos no local por onde você urina? Pois é; é por ali que você vai sangrar e escorrer pelas pernas. –fecham-se aspas.

Ativa e perspicaz como sempre fora desde a tenra idade, Yara da Iris quisera saber...

- Abram-se aspas – Diga-me mamãe. Mas por que nós, as mulheres, devemos sangrar? – fecham-se aspas.

Iris pensara por nada além de dez segundos na melhor forma de explicar a filha o porquê as mulheres, a partir daquela idade, haveriam de sangrar em todos os meses e, de fato, encontrara a solução para a interrogação não extemporânea.

Vira-se para Yara da Iris e dissera:

- Abram-se aspas – Preste atenção! Há um tempo em que as mulheres se casam e, casando-se, vão dormir junto com os maridos. Os homens possuem uma sementinha que penetram na mulher e, depois de algum tempo se transformam nos bebes. O sangramento que as mulheres tem todos os meses decorre da sementinha dela que, se não se juntarem com a sementinha do marido, há de ser eliminada. Entendeu? – fecham-se aspas.

Dois meses depois dessa conversa com a mae, Yara da Iris, certa manha de quarta-feira, chamara a mae para conversar sobre algo que estava sentindo.

Dissera:

- Abram-se aspas – Mae! Estou com uma dorzinha enjoada e colocara a mãozinha esquerda, já que era canhota, sobre o ponto exato de onde provinha a dor. – fecham-se aspas.

Pela posição indicada, Iris chegara a conclusão de que a filhinha estava sentindo as cólicas menstruais e, dentro de algumas horas, deveria receber a visita da dona Menarca e, se assim seria, deveria tranquiliza-la para o momento.

Segurara a filhinha pela mão direita e, juntas, foram para o quarto de Iris.

Chegando ao quarto, Iris tomara com a destra, já que os absorventes íntimos seriam uma promessa para o futuro, uma toalhinha preparada para coletar o mênstruo e, despindo-se; demonstrara para a filha como se proteger do sangramento.

No entanto, antes de tudo, Íris virara-se para Yara da Íris e dissera-lhe:

- Abram-se aspas – Sente-se aqui! Preste atenção no que a mamãe vai ensinar. O que você está sentindo chama-se cólicas menstruais. De agora em diante, todos os meses você vai senti-las. Quando ocorrer pegue este frasquinho – Atroveran – Messe dois dedinhos de agua em um copo e coloque de quinze a vinte gotinhas, mexa e beba; isto lhe amenizará a dorzinha quase impossível de aturar. – fecham-se aspas.

Depois disso, passara a demonstração pura e simplesmente de como controlar o sangramento e, despindo-se da roupa intima, passara a ensinar:

- Abram-se aspas – Quando sentir a umidade; pegue a toalhinha e dobre desse modo, coloque no local por onde ocorrerá o sangramento, e vista a calcinha tomando o cuidado para que a toalhinha não saia da posição. Se possível, de três em três horas, troque a toalhinha e, imediatamente, ponha a toalhinha removida de molho no sabão para facilitar a lavagem. O resto você aprenderá com o seu próprio corpo, mas, se tiver duvidas, sua mae estará pronta para auxilia-la. Não se assuste! – fecham-se aspas.

Yara da Íris passara de menina a mocinha sem ter traumas porque a mae a havia preparado; o que não aconteceria com aquela que, no decurso da eternidade haveria de se tornar uma companheira de confissões mutuas.

Caroline da Safira, apavorada com os acontecimentos, para ela desconhecidos, em uma das terças-feiras de um tórrido verão, procurara por Yara da Íris.

Contara-lhe o que, durantes à noite, lhe ocorrera e, naquele momento, Yara da Iris, oito meses, vinte e três dias mais idosa do que Caroline da Safira, depois de assenta-la em uma poltrona, pusera-se a lhe explicar que, na realidade, não seria nada demais.

Afinal, àquela altura da sua existência, nada de anormal havia ocorrido senão a transformação em sua feminilidade já que, dali em diante, passaria a ser fecundável pelo fato de se transformar de menina em mocinha.

Yara da Iris explicara para Caroline da Safira, como Íris lhe ensinara, que, de agora em diante, todos os meses, possivelmente, de vinte e oito em vinte e oito dias; aquela senhora viria ao seu encontro e ela deveria estar preparada, pois, quando chegasse; poderia vir acompanhada de um senhor chamado Sintoma que lhe provocaria dores na região do abdômen que seriam denominadas cólicas menstruais.

Dissera-lhe para não se preocupar porque aquilo era uma eventualidade própria às mulheres e que as mais antigas costumavam denominar como – costume das mulheres.

Yara da Iris falava ainda com a amiguinha sobre tais características femininas quando Caroline da Safira interrompera:

- Abram-se aspas – Sabe Yara? Nunca conseguir entender a cabeça da minha mae. Acho-a muito pudibunda para o meu gosto. Por que Yara da Iris, minha mae nunca me falou dessas mudanças repentinas no corpo de uma mulher? Por que me deixou leiga nesse assunto de tamanha importância para o nosso próprio bem. – fecham-se aspas.

- Abram-se aspas – Por que minha mãe foi tão pudibunda a ponto de me negar informações tão bisonhas, que se querendo ou não, um dia havemos de saber? Não jamais a perdoarei por me fazer passar tanta vergonha em demostrar a outrem a minha inocência com algo tão banal. – fecham-se aspas.

Yara da Iris interrompera a colega e amiga para fazer-lhe ver a realidade que Caroline da Safira nem mesmo havia imaginado naquelas circunstâncias.

Relatara o caso de Deise, uma de suas primas, e criada com as mesmas pudicícias, dizendo:

- Abram-se aspas – Você teve sorte colega! Imagine se acontece a você o que acontecera a minha prima Deise. Já estava com catorze anos de idade quando a dona Menarca, astuta, resolveu visita-la. Ah! Um detalhe. Deise jamais sofrera o problema das cólicas menstruais. Imagine que, estando na sala de aula, fora interpelada pelo mestre para responder-lhe uma pergunta. Ao levantar-se da cadeira, a colega da fila de trás lhe puxara e fizera-lhe sentar-se. Em seguida, pegou a própria blusa e cobrira-lhe da cintura para baixo e, puxando-a pela mão, conduzira-a ao banheiro. – fecham-se aspas.

Caroline da Safira quisera interromper, mas Yara da Iris continuara a desenvolver o seu conto oral.

- Abram-se aspas – Transpondo o umbral da porta do banheiro, a colega de sala, julgando que Deise já soubesse das transformações pelas quais passamos, começou a dizer-lhe que ela estava sangrando e que iria providenciar algo que a protegesse daquele sangramento. Deise, que não entendia nada daquilo que estava sendo dito, entrou em pânico e começou a gritar, pesando que houvesse se machucado durante o horário do recreio. O inferno desabou sobre a sua cabeça e, então, deu o maior vexame. – fecham-se aspas.

Caroline da Safira; e daí?

Yara da Iris continuara em sua narrativa:

- Abram-se aspas – Bem, para finalizar; fora necessário conclamar a ajuda da merendeira que, aos trinta e dois anos de idade, casada e mais experiente, conseguiu acalmar a minha prima Deise e, com palavras dóceis e compreensíveis, faze-la entender a normalidade daquilo que ocorria. Deise jamais perdoara a minha tia pelo vexame que dera por não ter sido instruída sobre algo tão banal. – fecham-se aspas.

De fato, Caroline da Safira, ainda que se relacionasse bem com a genitora, nunca se esquecera da sua lamentável falha, por excesso incomensurável de puritanismo, ao negar-lhe algo tão simplório e facílimo de explicar a uma mocinha adolescente.

Sorte é que a ciência não se enganara já que Caroline da Safira se portou como gente...

O planeta Terra, projetado pelo mesmo arquiteto que desenhara o universo, equilibrado no vácuo pela combinação do seu peso com a forma da sua massa, o giro em torno de si mesmo em vinte e nove quilômetros e seiscentos metros por segundo e em torno da estrela Sol a razão de dois milhões, quinhentos e setenta e três mil, oitocentos e cinquenta e seis quilômetros diários e Caroline da Safira continuara a sua trajetória no rumo da inefável e inexprimível eternidade.

Decorrido um ano depois que a dona Menarca a visitara durante a noite, eis que a mãe de Caroline da Safira, do meio para o final do mês de julho, mediante a invasão de um espermatozoide tipo Y a Trompa de Falópio, que se alojou no óvulo que, errante, se encontrava na Trompa de Falópio, novamente se encontrara em estado de gestação.

Como nos outros casos, aquele ovulo fecundado desceu e se alojou no quarto quentinho e aconchegante já que o Contrato de Comodato pelo tempo necessário, que não assinara, estava a disposição para o desenvolvimento de o novo ser humano que como qualquer outro, haveria de atravessar o túnel obscuro que conduz da vida intrauterina para a vida extrauterina e, resilindo o instrumento contratual com o prazo não renovável sair da vida parasitaria para entrar na vida independente e permear a historicidade humana com a sua graça.

O domingo; ah, o domingo!

Era um domingo com a luz da estrela Sol abundante sobre a face do planeta Terra, quando, às treze horas e quarenta e cinco minutos da tarde, Ashley da Safira atravessara o túnel obscuro, deixara a vida parasitaria para se aventurar na vida independente, abandonara a vida intrauterina para entrar na vida extrauterina.

Ashley da Safira possuía um par de olhos na cor castanha escura, um nariz, uma boca e um par de ouvidos como qualquer ser humano que, no futuro, se esconderiam sob os cabelos meio ondulados na cor castanha escura.

Completando a estrutura física, dois bracinhos, duas mãozinhas, dez dedinhos, duas perninhas, dois pezinhos, dez pequeninos artelhos, um par de protótipos de seios e um sexo para o prazer e a reprodução.

Ao ver a sua face, como faz em todos os casos de nascimentos de seres humanos, a ciência se adiantou para afirmar que Ashley da Safira era gente.

E não errara em seu afirmativo porque Ashley da Safira se mostraria, no futuro, aos olhos da humanidade como gente.

Ashley da Safira, como qualquer ser humano, foi um bebe, uma criança, atingiu a puberdade, se tornou uma adolescente com personalidade forte e, desse modo, completamente diferente daquela Caroline da Safira da qual haveria se tornado irmã; se impôs.

Na adolescência, seria palco de episódios que marcariam a sua vida efêmera e passageira, insólita e infrequente e transitória e temporária...

Características

Número de páginas 182
Edição 1 (2018)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Couche 150g
Idioma Português

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Fale com o autor

Yoseph Yomshyshy

JOSE LOPES, NAASCIDO NO RIO DE JANEIRO, TEM DIVERSOS TEXTOS PUBLICADOS EM JORNAIS DA REGIAO. AUTOR DOS LIVROS [QUE ESSE TALENTO NAO CONTAMINE A NOS, DESCOBRIND A RAIZ DE UMA ARVORE CHAMADA CELIBATO E RETRATOS URBANOS] TEM TAMBEM VARIOS TEXTOS PUBLICADOS EM ANTOLOGIAS. POSSUI LIVROS ESCRITOS EM PORTUGUES, ESANHOL E INGLES.

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