A poesia Transcendental do Poeta Jonas & tudo que me agrada em seus versos
Comecei a ler este livro com cuidado, sabia bem que seus versos eram poderosos, com imensidão de palavras que ecoavam muito mais que simples frases bem escritas, há em cada poema uma força descomunal capaz de fazer quem não crê na inspiração passar a contestar seus princípios de concepção poética, as flores que estão plantadas por todo percurso deste desafio poético que o autor nos induz a aceitar permeiam um caminho todo magistral e cheio de requintes sinuosos da palavra bem escolhida, cautelosamente selecionada, nada está ali por acaso, estes poemas cobram atenção demasiada, portanto, não se deixe levar pela primeira impressão, leia, releia e torne a ler novamente, a cada passar de olhos por estes poemas trarão novas visões da mesma imagem, algo que este extraordinário escritor sabe fazer muito bem. O que vi neste livro é bem mais impactante que o que li tempos atrás deste mesmo escritor, não sei, estes aqui se dizem muito mais maduros, não que os outros não o sejam, mas, estes aqui estão magistralmente direcionados à alma do poeta, na verdade vejo sangue escorrer por cada letra que ele lança aqui, vejo potência e isso se diz fácil logo nos primeiros versos que anunciam sua obra “Dos poetas as letras doces / ou as vezes tão amargas que adoecem / corações que esqueceram o amor / ou somente o verso que relembra.”, sinto aqui toda a necessidade de exposição da verdade que o poeta anseia expor ao mundo, eu sinto isso! O poeta se materializa em tudo que escreve, é evidente que cada um tem uma proposta especifica para suas produções, entretanto, o Jonas se diz muito mais diverso nesse sentido, vi poemas seus tão cheios de energia, onde cada estrofe por si só já se dizia um poema complexo, vi poemas negros, que provavelmente seguiam os passos do William Blake, ora vejo Jim Morrison baixar em sua mente e escrever poemas musicais e filosóficos de uma geração que não quer se prender em detalhes que entravem a felicidade, vi poemas que revolucionavam as ideias e deixavam a mente transbordando em revolução. Vi espiritualidade em todo livro, principalmente em momentos que diziam isso com maestria, como vi em seu poema Minha santidade já faleceu nas poesias, onde diz “Minha santidade é só resquício de mim / pois, morro e vivo dilacerado e enfim; / e as misérias de Deus correm na surdina / enquanto as cordas enforcam os inocentes.”, isso diz muito mais do que está implicitamente escrito aqui. Além da estética sempre perfeita há também a preocupação com rimas, o que deixam seus versos ainda mais afiados, li várias passagens que deixaram seu livro ainda mais valorizado, precisava ler rimas ricas para sentir esse prazer da leitura, em seu poema Quando faço de você minha poesia ele trabalha isso tão bem que inclusive assusta e causa admiração total, estes versos são lindamente bem trabalhados “Quando o sol amanhece em poesia / lembro do seu olhar radiante / a fitar despreocupada o horizonte, / então eu me apaixono novamente.”, lindo demais de se ler, soou um tanto Vinícius de Moraes e isso é ótimo! Lembrei do Alváres de Azevedo em seus versos do Mesmo qu'eu morra terei continuação, aqui ele fala claramente dos devaneios da morte anunciada na juventude “ Mesmo qu’eu morra eu ficarei a eternidade / guardado em livros e os meus segredos escancarados / pelas vielas soturnamente dissimulados / e, os pensamentos à insensatez assim moldados.”, lembrei também do Augusto dos Anjos e seus poemas cheios de dor, doença e desmantelo no poema No ápice das dores, com os versos iniciais do poema “Das dores corrosivas / sequelas dos anestésicos / em momentos insípidos / onde engulo as aflições.” Baudelaire surge vigoroso também nas Esquinas profanas “Esquinas profanas, encruzilhadas e botequins / repletos de kamikazes da segunda guerra / bebendo saquê em copos plásticos / mas, seus aviões já não tem conexões.”, havia veneno nestas linhas, típico do Romantismo do Mal do Século, ele bebeu dessa fonte com certeza. A liberdade permeia suas vontades e ele diz em voz alta o que busca “Lembro de eu mesmo correndo de mim / pelos cantos, pelos becos, pelas noites”, perfeitamente liberto das amarras do tempo, afinal, além de tudo há espaço para a lisergia das coisas, como diz em O canto silencioso das flores, algo poderoso realmente “Escuto no silêncio das flores a perfeição / do acorde derradeiro antes que eu volte a mim, / antes que eu volte ao limbo do meu jardim / para semear algumas plantas raras de poder.” . Foi divino ler A Poesia e Eu, pois em todo corpo do livro encontramos versos primorosos, versos que ficaram tatuados na mente do leitor, versos potentes tais como “há toda uma misericórdia pungente / pulsando em corações petrificados, sofridos, / por onde houveram amores e decepções”, é elucidativo e dignificante ter essas confissões à mão, Jonas nos brinda com toda essa personificação da poesia incandescente que brilha cada vez mais forte a cada poesia lida, pois ele mesmo diz que “Não me encolho a morte antiga” e isso está evidente por todo livro, eu diria que é uma odisseia poética que ele empreende em seu trabalho vertiginoso e desafiador, ele nos brinda com poemas como A última batalha, onde dá indícios da guerra que travou consigo próprio “Pelos campos o aço brandirá feroz / e dez mil me acompanharão famintos / prontos a romper as barreiras e pudores / e cessarão os mil anos de escuridão.”, isso tem muito mais que simples questionamentos, é muito mais complexo, afirmo com a certeza de quem leu e releu várias vezes todos estes poemas magníficos, principalmente por causa do Jonas ser um dos poetas contemporâneos que mais me agradam, mas, acima de tudo por conta da confiança que ele depositou em mim para escrever estas poucas palavras a respeito deste seu novo livro, sua poesia explode de criatividade companheiro!
John Williams B.
Editor-Chefe do CLAE – Círculo Literário Analítico Experimental
ISBN | 978-85-914088-4-9 |
Número de páginas | 146 |
Edição | 1 (2014) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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