Conveniência

Numa cidade acostumada a ver a mesma família no comando por décadas, o poder já funciona no automático, movido por acordos antigos e silêncios convenientes. Quando o governo começa a dar sinais de desgaste, o clima muda, ainda que ninguém saiba ao certo onde estão as rachaduras.

É nesse ambiente que um jornalista é colocado para acompanhar de perto o funcionamento do governo. A estratégia para se aproximar do prefeito passa por um caminho delicado: a própria filha do político. A intenção era manter distância emocional, observar, registrar. Mas linhas que parecem claras no início raramente resistem ao convívio.

A narrativa acompanha a colisão entre ética profissional, interesses cruzados e afetos que surgem nos momentos mais impróprios. O resultado é uma história sobre poder envelhecido, segredos que nunca ficam onde foram guardados e as zonas cinzentas que aparecem quando a vida pessoal invade a apuração.

Uma leitura para quem gosta de tramas políticas densas, dilemas morais e daquela fricção incômoda entre o que se deve fazer e o que se acaba fazendo.