“Neste romance até os clichês se tornam originais.”
Criaturas Indiscretas e Obscenas é um livro que, levando-se em consideração a sua premissa, pode parecer comum ou possuir um enredo batido, tipo sinopse de novela mexicana. Mas ao mergulhar nesta trama, veremos que a frase que abre este texto faz total sentido.
Durante o prólogo, acompanhamos a descrição de um estupro. Os dois personagens que protagonizam esta passagem não são identificados pelos seus nomes, mas no decorrer da narrativa o leitor passa a identificá-los e tudo começa a fazer sentido.
A protagonista deste romance, se é que podemos chamá-la assim, é Elaine, uma enfermeira que aceita o desafio de cuidar de Napoleão, um senhor tetraplégico que vive em uma cadeira de rodas. A relação da enfermeira com este paciente é repleta de marcas de outrora que o tempo ainda não apagou. Napoleão não consegue falar devido a uma disartria, por isso um recurso muito interessante chamado “Voz do Pensamento” é utilizado para dar voz ao seu caráter doentio, fazendo com que o leitor possa saber de tudo o que o velho pensa.
Explicar mais sobre este romance é impossível em apenas poucas linhas. Outras tramas paralelas constituem a história. Luto, luxúria, lesbianismo, gula, desejos doentios e, é claro, bizarrices são apenas alguns dos ingredientes que temperam esta saborosa obra moderna da ficção.
Criaturas Indiscretas e Obscenas é como a vida. (E isso não poderia soar mais clichê.) À primeira vista pode até parecer comum, mas na medida em que passamos a vivenciá-la, mais nos intrigamos e nos surpreendemos.
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