DE SÃO PAULO A JEQUIÉ

CONTOS DE SHIRLEY QUEIROZ

Por SHIRLEY DE QUEIROZ

Código do livro: 43956

Categorias

Ficção e Romance, Ficção

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Sinopse

TRECHO DO CONTO : LIA, PEDRO VENENO E O INCESTO

E era por tudo isto que não queria voltar, entretanto entre tudo que no sítio acontecia, o mais grave era quando chegava a noite. Depois que toda família adormecia, o velho Tomás, seu pai, chegava com seu insuportável cheiro azedo e sua interminável fungação. Passava a mão grossa feito um ralador de queijo, em sua cara, e grunhia baixinho para não ser ouvido pelo resto da família , que dormia, cada um em sua esteira.

- Lia....acorda Lia....

E ela acordava. O cheiro azedo do corpo de seu pai, misturado ao cheiro do fumo que ele mascava, lhe embrulhava o estômago, mas ela não dizia nada, apenas sussurrava para responder :

-Acordei pai...

Para evitar o contato de sua mão grossa em suas pernas,ela, mesmo antes que ele ordenasse, as abria

Apressadamente. Suspendia a camisola feita de saco de farinha e ele, bafejando o cheiro grosseiro do fumo em seu rosto, sussurrava :

-Tirou a calçola ?

Para não ser ouvida pelo resto da família, ela respondia baixinho:

-Tirei pai....

Ele cuspia de lado o fumo que mascava, fungava e com a calça arriada até o meio das pernas, jogava em cima do frágil corpo dela, o corpanzil dele. Fungava em seu pescoço, babava em seus cabelos e em dois ou três minutos ela tinha que se arrastar até a trouxa de roupa suja, apanhava um pano qualquer e com muito nojo limpava o sêmen gosmento de seu pai, que lhe melava toda. Um dia, pela manhã, quando voltava da segunda viagem do rio, aonde ia buscar água, estranhou ouvir a voz dele, que ainda não tinha saído para a roça.

Ele e sua mãe que eram de pouca conversa, falavam. A voz de sua mãe estava entrecortada pela emoção quando disse :

- Se tu não deixar ela ir pra uma casa de família, eu vou contar pra todo mundo....vou até procurar as autoridades... eu não sou besta Tomás, sei que o que tu ta fazendo, é crime...tu não pode comer tua própria “ fia “...ainda hoje eu vou pra Jequié, vou levar ela pra casa de dona Antonia, é mulher boa.... mulher direita...Lia vai ficar melhor lá do que aqui....dona Antonia não tem marido, é viúva direita,na casa dela não entra homem...ninguém pra comê minha fia no meio da noite....

Lia, sofreu um baque, arriou a lata d’agua no chão e mortalmente envergonhada , chorou

Características

Número de páginas 181
Edição 1 (2011)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Offset 75g
Idioma Português

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Fale com o autor

SHIRLEY DE QUEIROZ

Shirley de Queiroz, nasceu na ensolarada Jequié-Bahia no dia 05-10-1943.É autora de Unidos na Solidão, Sala de Aula, Confissões de uma Pomba-Gira, Adelaide Carraro no Mundo Cão de Silvio Santos,Se Freud Explicar..., Minha Incrível Passagem Pela Cadeia, De São Paulo a Jequié,Ana do Mangue,Mãe, Eu Queria Ser o Jece e autora de muitos contos,publicados em revistas de circulação nacional.

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