Pequena apresentação, quase um mapa
No seu livro de estreia, o poeta Messias Farid, partiu de uma ideia lançada em um dos contos do livro Ficções do escritor argentino Jorge Luís Borges, O Jardim das Veredas que se bifurcam, para estruturar a proposta das diversas visões sobre alguns temas explorados na obra.
Neste livro a proposta é aprofundada e combinadas para a formação de uma visão multifacetada de temas como o espírito feminino, o amor e a dinâmica das relações num mundo marcado pela fluidez e pela rapidez na propagação de notícias verdadeiras ou não. Aliás o próprio autor já resolve um pouco essa equação quando afirma em um verso que “a verdade é apenas o que conforta”, não no sentido de que a verdade nos dê conforto, mas no sentido de que, hoje, a verdade é tudo aquilo que aceitamos como tal, que combine com nosso sistema de valores ou que justifique o que já pensamos previamente.
“jogue seus gritos no muro da comodidade
irmão eles são apenas sombras
eles não enxergam o fogo dentro do fogo
suas botas não aguentarão o calor da liberdade”
Esses versos extraídos do poema, o Blues da Pandemia, que não aparece ainda nessa coletânea, mostram que apesar do clima as vezes melancólico que as vezes parece predominar no conjunto dos poemas, o livro é uma profissão de fé na verdade e no bem. Retomando os versos do poema Alguns Conselhos do primeiro livro do autor, “embora não pareça, o bem sempre prevalece”.
“A resposta: a solidariedade natural
Espontânea, como pregou o Cristo
Amar o próximo é simples e genial
Mas falar de amor hoje é mal visto
Preferimos odiar e alimentar rancor
Quem é o próximo? E o que é amor?”
Em todas as poesias emerge a crença de que o atual modelo de desenvolvimento econômico não pode mais ser reproduzido, por ser excludente, conflitante e, em última instância, atentar contra os valores basilares que garantiram o aparente sucesso da espécie humana na história recente do planeta. Nesse sentido, o mandamento de amar ao próximo, soa como uma proposta subversiva, contrária a tendência geral da dialética do ódio expressa nos discursos predominantes nos campos da política e até das religiões.
Manuel Bandeira desafia o leitor, ‘fecha o meu livro se por agora não tens motivo nenhum de pranto’. Faz-se necessário então um alerta análogo, feche este livro se não tens motivo nenhum para acreditar no amor.
Boa leitura.
Paraíso do Tocantins, 3 de junho de 2022.
Paula Beatriz e Igor Sampaio
filhos
ISBN | 978-65-5392-475-8 |
Número de páginas | 137 |
Edição | 1 (2022) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Polen |
Idioma | Português |
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