Rota das Estrelas
Neste livro o leitor conhecerá o milenar Caminho de Santiago percorrido em família, por entre as trilhas da Espanha, acompanhando essa maravilhosa aventura do pai e seus dois filhos rumo à Catedral do Apóstolo. Uma obra repleta de fotografias, passagens e lições de vida para jamais serem esquecidas.
A hospitalidade e a tradição depositadas por milhares de viajantes há 11 séculos em cada pedra, cada árvore e cada rincão da rota Jacobea fazem deste caminho, que corta a Espanha de leste a oeste até Finisterra, uma experiência única no mundo.
A peregrinação a Santiago é uma viagem de 830 quilômetros ao interior de si mesmo, que cada um empreende com sua própria bagagem e objetivos. Há quem a inicie pelo prazer de caminhar, outros por convicção religiosa ou pelo interesse artístico e histórico de uma senda pela qual penetraram na península ibérica as vanguardas estéticas e culturais do Ocidente; também é freqüente faze-lo por uma promessa ou por um pouco de todos os motivos. No entanto, ninguém, ao inicia-lo, sabe que nesse momento desencadeia-se um processo de renovação interior que lhe mudará o conceito de muitas coisas.
Tem sentido a peregrinação por uma rota medieval ao despontar do século XXI? É óbvio que o traçado histórico desapareceu em alta percentagem debaixo do asfalto das estradas ou pela rotatividade do cultivo da terra. Onde antes havia bosques, lobos e bandidos, agora há polígonos industriais e veículos a motor. E os peregrinos, que antes pediam guarida, levam agora um cartão de crédito no bolso. Mas a essência da via milenária permanece com a mesma intensidade, pregada aos bosques navarros, em cada prega das colinas riojanas, no horizonte interminável das planícies castelhanoleonesas ou na úmida obscuridade das corredeiras gallegas. O espírito de aventura que tinha um final incerto e misterioso segue cativando a quem o enfrenta.
A via aberta pelos peregrinos entre a Europa e a Basílica Compostelana não foi só um caminho peatonal.
Mesclados com campesinos, burgueses e nobres, chegaram também artesãos, canteiros (trabalhadores da pedra), cantores, pintores, escultores e ordens monásticas. Aquele olho vibrante da reconquista se converteu prontamente no duto ao qual se colaram, na península, as vanguardas estéticas e culturais que imperavam no mundo ocidental.
Foi a grande contribuição do Apóstolo Santiago ao desenvolvimento artístico e humanístico da Espanha.
Primeiro chegou o românico, a arte mais intelectual da história, com suas linhas tão características; mais tarde as ordens monásticas francesas incorporaram o gosto pelo altivo e a leveza do gótico. O barroco se encarregaria depois de sobrecarregar tudo.
Número de páginas | 237 |
Edição | 2 (2000) |
Idioma | Português |
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