INTRODUÇÃO
Recordar nem sempre é ser saudosista.
Quando recordamos é sinal que tivemos bons e maus momentos na vida, ou na pior das hipóteses tivemos uma vida.
Quando mergulho em minhas recordações percebo que realmente fui abençoado por Deus e tenho uma história de vida.
Pobre no sentido monetário, porém rica em experiências singulares, que são só minhas.
Mas que nesse momento gostaria de repartir com você leitor amigo desejando que de alguma forma você descubra que, Sua história e sua vida tem importância sim, e que suas recordações são um tesouro inigualável.
Lembre-se na vida podem tomar-te, tudo menos as experiências e recordações essas são unicamente suas, são dádivas de Deus.
O COLECIONADOR - Psicose
Jordão era funcionário público Estadual, formado em veterinária aos 22 anos por trinta anos foi titular da secretaria agropecuária, aonde chegou o diretor chefe.
Portador de estrabismo moderado (vesgo) narigudo e magrela vivia sozinho nunca se casou, tinha suas fantasias mas normalmente de amores platônicos, sua timidez e feiura, segundo ele mesmo, afastava as mulheres.
Aposentado aos 52 anos mudou-se da capital para o interior da cidade de São João do Sul, para morar na fazendinha de 10 hectares herança da Vó materna, a 20 km da zona urbana.
A pequena cidade tinha apenas 10 mil habitantes a 200 km da capital Porto Alegre, Rs.
Era pacata vivendo da pecuária, agricultura e comércio, com apenas uma avenida principal cortada pela Br. 290.
Dr. Jordão passou a prestar serviços veterinários para os moradores do município fazendo visita domiciliar, e mantinha seu consultório na cidade onde atendia somente pela manhã, de segunda a quarta e tinha seu salário da aposentaria de funcionário público estadual.
A casa de madeira muito antiga tinha um porão de pedra e ficava na parte mais alta da propriedade na encosta de um desfiladeiro de 80 metros de altura, um lugar sossegado para se viver, com árvores frutíferas e uma vista linda.
Conhecido e respeitado na região era conhecido como bom samaritano, por atender mesmo os que não podiam pagar.
Jordão colecionava selos, moedas antigas e borboletas, ao que se dedicava muito, em seu porão fez um atelier onde empalhava pequenos animais.
Assim vivia bastante isolado, criava galinhas algumas ovelhas e duas vacas de leite.
Um dia revirando um baú antigo, descobriu uma espécie de diário do avô, onde contava de aventuras amores extraconjugais com garotas mais novas, que mantinha presas em uma gruta no despenhadeiro.
Ele achou tudo muito desumano, mas pensou porque não ter alguém nesse porão com quem conversar, se aprofundou nas anotações do avô, descobriu a gruta que era ligada ao porão da casa por um corredor cavado na rocha com altura 1,50 e largura suficiente para um pessoa abaixada passar.
Na gruta descobriu sepultura de três mulheres, e inspirado pelos escritos do avô, e conhecimentos de marcenaria preparou um quarto com banheiro no porão e começou a procurar por uma moça, que iria cuidar ali, com o mesmo carinho que dedicava a suas coleções, principalmente as borboletas.
Jordão começou a observar as moças com as quais tinha contato e assim foi amadurecendo o plano de sequestrar uma.
Um dia foi chamado ao passo da Anta, num sitio para inseminar as vacas de leite, a uns 40 km da zona urbana, e ali conheceu Nina, moça de 16 anos, ruiva olhos cor de mel cabelos longos e lisos, sorriso iluminado e pensou: _Será essa? Tem que ser essa!
Procurou saber da rotina da moça e da família e descobriu que estudava a 15 km de casa e que ia de bicicleta todos os dias, até a casa de uma tia, onde seguia com as primas.
Decidiu capturar Nina, nesses quinze km que fazia só. Assim preparou a Van, com colchão, e tudo mais e na segunda feira seguinte esperava em uma curva, quando Nina viu a Van conheceu que era do veterinário, diminuiu a marcha e o cumprimentou:
_Bom dia o senhor, precisa de ajuda?
_Bom dia, sim eu preciso de alguém que me ajude fazer a Van funcionar.
Ela prontamente aproximou-se disposta: _O que devo fazer?
Nesse momento Jordão a imobilizou e com um pano embebido no formol a pôs pra dormir, amarrou e a deitou no colchão cobrindo com muitas bugigangas para não ser descoberta.
Chegou em casa a levou para o quarto no porão. Ela estava com calça jeans, camiseta de malha e tênis. Ele a olhou melhor era muito linda mais parecia uma boneca deitada na cama.
Enquanto preparava o almoço Jordão marcou no calendário, mês setembro dia 12, segunda feira, nascimento.
As doze e trinta desceu com a marmitex pronta, frango empanado, espaguete a carbonara, arroz e salada maionese com batata e suco de laranjas, e deixou sobre a penteadeira.
Enquanto ela ainda dormia, ele deixou um bilhete:
“Coma, por favor, você deve se alimentar, não lhe farei mal, quero ser seu amigo”.
Quando despertou abriu os olhos lentamente, viu que estava numa espécie de porão, mas deitada numa cama o local era todo em tons de rosa, sentou-se a beira da cama com certa dificuldade, a cabeça girava dolorida.
Sentiu cheiro gostoso de comida, estava com fome, pois tomava café na casa da tia com as primas e aquele dia, não chegou até lá.
Nina começou chorar, gritar por socorro, em vão, tudo era silêncio.
O sol entrava tímido por uma pequena janela de vidro lá no alto quase no teto, ela tentou olhar subida em uma cadeira, conseguiu ver árvores e campos, concluiu estou ainda no meio rural.
Sentiu o estômago reclamar, decidiu comer, se surpreendeu com a qualidade da comida, podia considerar um banquete se estivesse livre.
Fechou os olhos respirou fundo e leu novamente o bilhete, voltou a chorar: _Será meu Deus que estou sonhando? Que faço aqui fui raptada?
Pelo veterinário só pode ser isso, tentou lembrar, mas só conseguiu até onde tentou ajudar alguém na estrada.
Observou o quarto, uma porta ao fundo dizia banheiro, um roupeiro, uma prateleira com revistas e livros.
A beira da cama duas chinelas havainas, uma poltrona, e sob a cama cobertores e lençóis e edredons bem dobrados, um roupão saída de banho, pensou! Parece que estavam me esperando.
Abriu a gaveta da penteadeira e pegou papel e um lápis e anotou em um cabeçalho prisioneira dia 01.
Novamente começou chorar bateu na porta pediu socorro, tudo era silêncio.
Sentindo se tonta sentou-se e tirou os tênis, se deitou respirou fundo e fechou os olhos, pensando na família e na escola, e assim adormeceu.
Por volta de cinco horas da tarde Jordão abriu a porta e trouxe café, ela sentia o cheiro, mas com medo não abriu os olhos, fingiu estar dormindo, ele olhou por um instante e saiu.
Passado uns 20 minutos Nina se levantou, viu a portinhola da porta principal aberta e o corredor escuro, o cheiro de café gostoso, mas não tinha fome voltou a chorar baixinho.
Foi ao banheiro havia vaso sanitário uma pia, e um chuveiro, pensou em casa só tinha latrina, mas era livre.
Pensou vou tomar banho, mas não tenho como trocar de roupa, lembrou do roupeiro foi até lá abriu e tinha saias, vestidos calças bermudas, calcinhas sutiãs, camisolas de algodão bonitas, material de higiene pessoal, shampoos e perfumes, tudo novinho.
Pensou é alguém estava me esperando e me conhecia pelo jeito com que tudo está tão arrumado.
Aquele mesmo instante a família de Nina já estava chorando seu desaparecimento, pois não foi achada na estrada nem a sua bicicleta.
No dia seguinte foram à delegacia registrar o desaparecimento de Nina, e a rádio local anunciava toda hora, de modo que os moradores da cidade estavam alarmados nunca tinha acontecido isso.
Na terça 8hs quando Jordão abriu o consultório era só o que se falava.
Onze horas da manhã fechou e deixou um cartaz a porta, voltarei atender somente na próxima semana, motivo viagem.
Passou no restaurante do Plinio e reforçou o marmitex, comprou no mercado doces, bombons, chocolates, bolachas e reforçou sua dispensa com tudo de gostoso, afinal agora tinha companhia e queria mimar sua boneca.
Aquele noite para Nina tinha sido de muito choro, era muito apegada a família.
Pela manhã antes de sair Jordão deixou café com torradas, bananas e maçã.
Acordou com fome e comeu e tomou duas xicaras de café com leite que havia na térmica, fez uma oração agradecendo a Deus por está viva. E pegou uma revista pra ler.
Ela ouviu barulho de carro chegando e gritou por socorro, mas ninguém ouviria, pois Jordão fez um belo isolamento acústico no porão.
Ele havia deixado um bilhete embaixo da porta:
“Por favor, coma e se precisar de algo mais me diga que vou providenciar”.
Número de páginas | 96 |
Edição | 1 (2016) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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