O Que Sabem os Muros
Ed Borges
Entre siris que escapam da lógica, velórios temperados com feijão tropeiro e debates teológicos travados entre sinucas e ressentimentos, os contos de O Que Sabem os Muros traçam mais que histórias — desenham perguntas. Ed Borges, com sua prosa aguda e poética, faz da dúvida um ofício e da observação, uma forma de resistência. Seu narrador — um homem que já entendeu a peça, mas ainda assim improvisa — percorre as esquinas da infância, do cotidiano e da metafísica com o mesmo espanto: como é possível que a vida insista tanto?
Aqui, causas não explicam — provocam. Em um vagão de trem, uma queda trivial se transforma numa indagação sobre o destino; num mangue, o embate com um siri revela as entranhas da persistência; num velório, o confronto entre fé e lógica abre espaço para a única certeza que resta: o riso. Em meio a tudo isso, surgem personagens marcantes — como Rutinha, que desaparece de um desfile mas emerge como epifania, ou Júnia, cuja queda ensina mais sobre beleza do que qualquer passarela.
Periperi está presente, sim — como território afetivo, mas nunca exótico. Apenas cenário onde o real se desdobra. Um bairro como tantos, citado por Jorge Amado em Os Velhos Marinheiros, mas aqui enxergado de outro ângulo: não como cor local, mas como campo de provas para os grandes temas — tempo, causa, sobrevivência e sentido. E se há um fio que une os contos, talvez seja esse: o de que a vida, apesar da entropia, é teimosa.
Número de páginas | 99 |
Edição | 1 (2025) |
Formato | A4 (210x297) |
Acabamento | Brochura s/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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