"Eu, essa serpente
que o poeta livra na sala
enquanto os homens, insuspeitos,
digerem a vida entre o sono e a distração."
(Lírico)
"Todos já estavam em suas casas quando a tempestade chegou.
E, mesmo assim, algumas roupas distraídas no varal
antecipavam com tédio um futuro remorso."
(Meteorologia)
"Devora, Crono, e logo, a tua prole;
come, e aproveita enquanto não são homens,
pois o futuro imita, mas consome
e o que engoles depois também engole."
(Paideia)
A partir de formas que vão desde o soneto até o verso livre, o autor constrói ritmos que flertam com uma sonoridade mais prosaica, mesmo quando compostos com rigor métrico. Além disso, lança mão de diversos tipos de rimas (e mesmo as abole), explorando possibilidades das relações de forma e conteúdo.
O leitor poderá encontrar um tipo particularmente curioso desse tipo de exploração quando se deparar com o surgimento de um "fib" (forma poética experimental, baseada na sequência de Fibonacci, aqui desenvolvida de forma igualmente experimental) em meio aos dísticos eneassílabos do poema "A morte e a lebre", para efeitos dramáticos, rítmicos e visuais.
Os poemas que você lerá neste livro foram escritos em momentos diferentes, embora a maioria deles tenha recebido sua demão final durante a pandemia de COVID-19, em 2020.
Primeiro livro publicado pelo autor, "O recurso do poeta..." reúne textos que abordam tanto o ato de escrita quanto o escrever em meio a um evento de calamidade global, que a própria humanidade definiu, entre o tédio e o desespero, como o mais significativo de sua história recente desde 11 de setembro de 2001.
ISBN | 978-65-001-5473-3 |
Número de páginas | 76 |
Edição | 1 (2021) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Polen |
Idioma | Português |
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