Pedaços de mim

Por Ricardo Marini Pereira

Código do livro: 473546

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Poesia, Não Ficção, Literatura Nacional

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Sinopse

As páginas que seguem trazem um pouco das

memórias do Ricardo. Nelas constam alguns escritos de

próprio punho, outros digitados por ele.

Ricardo, o terceiro filho da família, nasceu com

uma severa cardiopatia (Atresia Pulmonar com Septo

Interventricular Íntegro e fístulas nas coronárias), que

exigiu tratamento intensivo assim que acabou de vir ao

mundo. A Atresia Pulmonar se caracteriza por uma válvula

pulmonar completamente fechada ou tão rudimentar,

que é como se ela não existisse e houvesse um músculo

fechando a passagem de sangue do ventrículo direito

para a artéria pulmonar.

Ou seja, não vai sangue do lado direito do coração para

os pulmões.

Várias pessoas lutaram pela sobrevivência do

Ricardo. O cardiologista do hospital, Dr. Marco Aurélio

As páginas que seguem trazem um pouco das

memórias do Ricardo. Nelas constam alguns escritos de

próprio punho, outros digitados por ele.

Ricardo, o terceiro filho da família, nasceu com

uma severa cardiopatia (Atresia Pulmonar com Septo

Interventricular Íntegro e fístulas nas coronárias), que

exigiu tratamento intensivo assim que acabou de vir ao

mundo. A Atresia Pulmonar se caracteriza por uma válvula

pulmonar completamente fechada ou tão rudimentar,

que é como se ela não existisse e houvesse um músculo

fechando a passagem de sangue do ventrículo direito

para a artéria pulmonar.

Ou seja, não vai sangue do lado direito do coração para

os pulmões.

Várias pessoas lutaram pela sobrevivência do

Ricardo. O cardiologista do hospital, Dr. Marco Aurélio

Vilella, teve papel fundamental. Foi ele o médico que

diagnosticou e acompanhou aqui, em Presidente

Prudente, todo o tratamento, seguindo as diretrizes dos

médicos do Incor. A ele nossa eterna gratidão. Gratidão

também ao Dr. Hamer Mohamed Zogbi, quem fazia os

ecocardiogramas do Ricardo, no Hospital Iamada.

O problema do Ricardo foi diagnosticado no dia

em que nasceu, por volta das 20 horas de 26 de março

de 1991. Imediatamente, o Dr. Marco Aurélio passou

a procurar um centro de referência que pudesse

acolher o bebê. Depois de muitas e demoradas

ligações telefônicas, conseguiu uma vaga no InCor,

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São

Paulo. Nesta mesma noite, ligou para sua secretária

cancelando todos os seus compromissos do dia

seguinte e embarcou em uma ambulância levando o

pequeno Ricardo e sua mãe, Rosa, rumo a São Paulo.

Teriam que estar lá até às 14 horas para ocupar a

vaga, que não podia ficar ociosa.

Era Semana Santa. Lá chegando, se confirmou o

diagnóstico. Dramático! Ricardo precisaria ser submetido

a um transplante duplo (coração e pulmão). O hospital já

vinha tentando este procedimento, sem nenhum sucesso.

A outra alternativa seria uma abordagem cirúrgica precoce

denominada “Blalock-Taussíng”, que consiste em um tubo

de material cirúrgico que vai ligar a artéria subclávia (um

grande vaso da aorta) até a artéria pulmonar. Por ser

Semana Santa, os cirurgiões não estavam no hospital.

Foi preciso a aplicação de prostaglandina até a volta dos

médicos na semana seguinte, para manter o canal arterial

aberto. Enquanto isto, vários exames eram feitos. À medida

que se aprofundavam os estudos, a médica que o assistia

vinha falar conosco, insistindo no transplante duplo, já que

a cirurgia de Blalock-Taussing, apesar de indicada, não

garantiria a sobrevivência dele, dada as péssimas condições

E foi assim que o Ricardo sobreviveu até os 10 anos.

As idas e vindas a São Paulo passaram a ser frequentes.

Foram quatro cateterismos e três cirurgias cardíacas,

entre exames invasivos e as diluições sanguíneas, que

o agrediam assustadoramente.

As diluições (sangria e aplicação de plasma) eram

as que mais o atormentavam. De suma importância,

pois a falta de oxigenação fazia com que as hemácias

aumentassem de tamanho, dificultando sua circulação

pelos pequenos capilares, tornando-o cianótico (cor

azulada). Uma grossa agulha era introduzida em sua

veia para sangria e outra para aplicar o plasma.

cardiológicas (malformações - ausência do ventrículo

direito). Como até aquele momento o hospital não tinha

tido sucesso com nenhuma criança e nem nos dava a

menor esperança, optamos pelo Blalock, na expectativa

de que, no futuro, uma solução seria encontrada.

No hospital, a insistência pelo transplante

era constante. Na tentativa de nos convencer,

levaram-nos a visitar um garotinho que tinha sido

transplantado. Ao chegar na casa, onde estava o

garoto, fomos encontrá-lo todo tímido, escondido

por detrás de um móvel. Percebemos o seu rosto

desfigurado por deformações ósseas. Ao indagar

a médica, ela informou-nos de que eram os efeitos

colaterais das drogas contra rejeição. Foi o suficiente

para rejeitarmos, por aquela hora, o transplante,

diante do impacto do semblante daquela criança.

Eis que se passaram 20 anos da sua partida. O livro

não foi feito antes porque não estávamos preparados

para isto. Explicamos: os 10 primeiros anos depois de

sua partida foram anos difíceis. Primeiro, a saudade. A

superação do trauma da separação, se é que se pode

falar em superação. Ainda hoje, as lágrimas vertem ao

lembrar dos anos dourados de sua vida.

Em seguida, veio a expectativa da reversão da

laqueadura, que havia sido feita após os 15 meses de

vida do Ricardo. Depois de sua passagem, a Rosa, sua

mãe, ficou muito inquieta. Queria, a todo custo, voltar a

ter outro filho. Como tinha sido submetida à laqueadura,

após um ano e três meses do nascimento do Ricardo,

o desejo de ter outro filho assomou-lhe intensamente

o íntimo e quis fazer a reversão. Feita a consulta

com um especialista, o mesmo assegurou da grande

possibilidade de voltar a engravidar. Feita a cirurgia que

foi um sucesso, a expectativa aumentou. Porém, mesmo

com as trompas pérvias e o espermograma normal, a

gravidez não veio.

Até assimilar a decepção, os anos foram passando.

Superada esta fase, vieram os casamentos e as netas.

Finalmente, conseguimos um tempo para nos dedicar

à elaboração do livro do Ricardo. Ao final dos textos do

Ricardo, segue o relato de Ana Hartmann, sua tia, com

quem tinha grande afinidade.

Gostaríamos de dizer a todos que vale a pena

envolver um tempo com a leitura. Somos muito gratos

aos que estiveram conosco nessa jornada e, de forma

especial, ao Ismael e a Maristela, padrinhos do Ricardo,

sem esquecer do tio Lando e da tia Minda. Foram

anjos enviados por Deus que nos deram força e nos

acompanharam durante toda a trajetória de vida do

Ricardo, principalmente durante o tratamento em São

Paulo. Sem eles, teríamos sucumbido.

Gratidão a todos e boa leitura.

Álvares Machado, março de 2022

Características

Número de páginas 136
Edição 1 (2022)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Colorido
Tipo de papel Offset 75g
Idioma Português

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