As páginas que seguem trazem um pouco das
memórias do Ricardo. Nelas constam alguns escritos de
próprio punho, outros digitados por ele.
Ricardo, o terceiro filho da família, nasceu com
uma severa cardiopatia (Atresia Pulmonar com Septo
Interventricular Íntegro e fístulas nas coronárias), que
exigiu tratamento intensivo assim que acabou de vir ao
mundo. A Atresia Pulmonar se caracteriza por uma válvula
pulmonar completamente fechada ou tão rudimentar,
que é como se ela não existisse e houvesse um músculo
fechando a passagem de sangue do ventrículo direito
para a artéria pulmonar.
Ou seja, não vai sangue do lado direito do coração para
os pulmões.
Várias pessoas lutaram pela sobrevivência do
Ricardo. O cardiologista do hospital, Dr. Marco Aurélio
As páginas que seguem trazem um pouco das
memórias do Ricardo. Nelas constam alguns escritos de
próprio punho, outros digitados por ele.
Ricardo, o terceiro filho da família, nasceu com
uma severa cardiopatia (Atresia Pulmonar com Septo
Interventricular Íntegro e fístulas nas coronárias), que
exigiu tratamento intensivo assim que acabou de vir ao
mundo. A Atresia Pulmonar se caracteriza por uma válvula
pulmonar completamente fechada ou tão rudimentar,
que é como se ela não existisse e houvesse um músculo
fechando a passagem de sangue do ventrículo direito
para a artéria pulmonar.
Ou seja, não vai sangue do lado direito do coração para
os pulmões.
Várias pessoas lutaram pela sobrevivência do
Ricardo. O cardiologista do hospital, Dr. Marco Aurélio
Vilella, teve papel fundamental. Foi ele o médico que
diagnosticou e acompanhou aqui, em Presidente
Prudente, todo o tratamento, seguindo as diretrizes dos
médicos do Incor. A ele nossa eterna gratidão. Gratidão
também ao Dr. Hamer Mohamed Zogbi, quem fazia os
ecocardiogramas do Ricardo, no Hospital Iamada.
O problema do Ricardo foi diagnosticado no dia
em que nasceu, por volta das 20 horas de 26 de março
de 1991. Imediatamente, o Dr. Marco Aurélio passou
a procurar um centro de referência que pudesse
acolher o bebê. Depois de muitas e demoradas
ligações telefônicas, conseguiu uma vaga no InCor,
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São
Paulo. Nesta mesma noite, ligou para sua secretária
cancelando todos os seus compromissos do dia
seguinte e embarcou em uma ambulância levando o
pequeno Ricardo e sua mãe, Rosa, rumo a São Paulo.
Teriam que estar lá até às 14 horas para ocupar a
vaga, que não podia ficar ociosa.
Era Semana Santa. Lá chegando, se confirmou o
diagnóstico. Dramático! Ricardo precisaria ser submetido
a um transplante duplo (coração e pulmão). O hospital já
vinha tentando este procedimento, sem nenhum sucesso.
A outra alternativa seria uma abordagem cirúrgica precoce
denominada “Blalock-Taussíng”, que consiste em um tubo
de material cirúrgico que vai ligar a artéria subclávia (um
grande vaso da aorta) até a artéria pulmonar. Por ser
Semana Santa, os cirurgiões não estavam no hospital.
Foi preciso a aplicação de prostaglandina até a volta dos
médicos na semana seguinte, para manter o canal arterial
aberto. Enquanto isto, vários exames eram feitos. À medida
que se aprofundavam os estudos, a médica que o assistia
vinha falar conosco, insistindo no transplante duplo, já que
a cirurgia de Blalock-Taussing, apesar de indicada, não
garantiria a sobrevivência dele, dada as péssimas condições
E foi assim que o Ricardo sobreviveu até os 10 anos.
As idas e vindas a São Paulo passaram a ser frequentes.
Foram quatro cateterismos e três cirurgias cardíacas,
entre exames invasivos e as diluições sanguíneas, que
o agrediam assustadoramente.
As diluições (sangria e aplicação de plasma) eram
as que mais o atormentavam. De suma importância,
pois a falta de oxigenação fazia com que as hemácias
aumentassem de tamanho, dificultando sua circulação
pelos pequenos capilares, tornando-o cianótico (cor
azulada). Uma grossa agulha era introduzida em sua
veia para sangria e outra para aplicar o plasma.
cardiológicas (malformações - ausência do ventrículo
direito). Como até aquele momento o hospital não tinha
tido sucesso com nenhuma criança e nem nos dava a
menor esperança, optamos pelo Blalock, na expectativa
de que, no futuro, uma solução seria encontrada.
No hospital, a insistência pelo transplante
era constante. Na tentativa de nos convencer,
levaram-nos a visitar um garotinho que tinha sido
transplantado. Ao chegar na casa, onde estava o
garoto, fomos encontrá-lo todo tímido, escondido
por detrás de um móvel. Percebemos o seu rosto
desfigurado por deformações ósseas. Ao indagar
a médica, ela informou-nos de que eram os efeitos
colaterais das drogas contra rejeição. Foi o suficiente
para rejeitarmos, por aquela hora, o transplante,
diante do impacto do semblante daquela criança.
Eis que se passaram 20 anos da sua partida. O livro
não foi feito antes porque não estávamos preparados
para isto. Explicamos: os 10 primeiros anos depois de
sua partida foram anos difíceis. Primeiro, a saudade. A
superação do trauma da separação, se é que se pode
falar em superação. Ainda hoje, as lágrimas vertem ao
lembrar dos anos dourados de sua vida.
Em seguida, veio a expectativa da reversão da
laqueadura, que havia sido feita após os 15 meses de
vida do Ricardo. Depois de sua passagem, a Rosa, sua
mãe, ficou muito inquieta. Queria, a todo custo, voltar a
ter outro filho. Como tinha sido submetida à laqueadura,
após um ano e três meses do nascimento do Ricardo,
o desejo de ter outro filho assomou-lhe intensamente
o íntimo e quis fazer a reversão. Feita a consulta
com um especialista, o mesmo assegurou da grande
possibilidade de voltar a engravidar. Feita a cirurgia que
foi um sucesso, a expectativa aumentou. Porém, mesmo
com as trompas pérvias e o espermograma normal, a
gravidez não veio.
Até assimilar a decepção, os anos foram passando.
Superada esta fase, vieram os casamentos e as netas.
Finalmente, conseguimos um tempo para nos dedicar
à elaboração do livro do Ricardo. Ao final dos textos do
Ricardo, segue o relato de Ana Hartmann, sua tia, com
quem tinha grande afinidade.
Gostaríamos de dizer a todos que vale a pena
envolver um tempo com a leitura. Somos muito gratos
aos que estiveram conosco nessa jornada e, de forma
especial, ao Ismael e a Maristela, padrinhos do Ricardo,
sem esquecer do tio Lando e da tia Minda. Foram
anjos enviados por Deus que nos deram força e nos
acompanharam durante toda a trajetória de vida do
Ricardo, principalmente durante o tratamento em São
Paulo. Sem eles, teríamos sucumbido.
Gratidão a todos e boa leitura.
Álvares Machado, março de 2022
Número de páginas | 136 |
Edição | 1 (2022) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Colorido |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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