PROESIA & AFORISMOS

A Palavra é metade de quem a pronuncia

Por Isaac Soares de Souza

Código do livro: 300645

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Ficção, Poesia, Clássicos

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Sinopse

Eu já nasci ruína,

Acho que não gosto nem de mim

Fui expelido pelo ânus e não pela vagina,

Nasci fadado a não ser ninguém:

Livre, lírico, empírico, pobre,

Sem destino e sem cabedal

Odeio a sociedade podre, padres e pastores,

Condutores de ovelhas desgarradas,

Tosquiadas e vilipendiadas, pecadoras

E saqueadas rumo ao inferno da burrice

Sou o cara mais triste

Perambulo sem destino

Mas nunca me atino

Não gosto do governo

Esse parasita enfermo

Que corrompe, mente e induz

Uma multidão de gente sem destino, turba de cagão

Que obedece ao verdugo como se fosse um cão

Em troca de um naco de ração

Eu sou eu, meu dono sou eu

Vivo ao léu

Sei que amanhã irei para o beleléu

E não quero tragar o fel

Da subserviência

Sou homem e a liberdade plena

Massacrada pelo sistema

É o meu lema

Sou guerrilheiro

Faço minha guerra diária

Sem arma, apenas com a palavra

Não me coaduno à essa caniçalha

Não voto porque sou patriota

Não sou idiota

Não rezo, meu Deus sou eu

Arroto, escarro e tô cagando e andando

Pra essa gente demente e infeliz

Povo populus e gado vacum

Que infesta os torrões desse continente país...

Parido na mais escrota periferia,

Preto, miserável, morava num barraco de lata e papelão

vielas imundas, ratazanas circundam

sem esperança e sem pão

a mãe era uma vadia

e o pai era ladrão

o pivete nunca visitou o pai na prisão

desejava que o pai fosse guilhotinado

pois só se lembrava de ser espancado

quando o brutamontes chegava bêbado e drogado

a mãe era puta e ele tinha mais outros 4 irmãos

cada qual filho de um pai diferente

analfabeto, sem carinho e sem teto

vislumbrava uma vida mais amena

e sonhava cuidar dos irmãos

saiu pelas ruas da Consolação

roubava os transeuntes e mendigava um naco de pão

aos 12 anos cheirava cola e fumava maconha

que vida medonha,

pensou em entrar para o crime

assaltar bancos e aos trancos vencer na vida

mas ele não tinha saída

roubava apenas pra alimentar os irmãos

apanhava da polícia

mas tinha muita malícia

e sempre saía pela tangente

a mãe contraiu AIDS

e então a miséria daquela família se apoderou

com mais crueldade e tudo se perdeu

O parido na mais escrota periferia

saiu de casa um dia pra nunca mais voltar

sonhava em ser traficante

e mandar em todos os que o fizeram chorar

entrou para o crime organizado

logo subiu na hierarquia da quadrilha

e sua crueldade era temida

sua pessoa sempre obedecida

mandou matar desafetos

construiu um império

até políticos influentes se cagavam de medo

quando ele ordenava que o respeitassem

Nunca foi pra prisão

comprava policiais, juízes, meretrizes

advogados, promotores

ele era mesmo o rei

carros importados, milhões guardados

seus irmãos tinham sido assassinados

a mãe há muito falecera

mas o pai, esse filho de Satanás,

estava para ser libertado da prisão

E o parido na mais escrota periferia

desejava a suprema vingança

queria cortar a jugular do próprio pai

para vingar toda a miséria

a que sua família fora relegada

e num dia frio durante a madrugada

Ao barraco em pedaços ele retornou

o pai jazia bêbado num arremedo de colchão

e ele sem pensar sacou o punhal

e investiu contra aquela figura do mal

que tinha levado sua mãe e irmãos ao inferno

mas ao segurar o pai pelos cabelos

cuspia ódio e não aceitaria nenhum apelo

e então, ao pai degolou

ateou fogo no barraco

sacou sua 7,65

e num instinto

animal de vingança suprema,

meteu um balaço nas têmporas

Mas por um milagre do destino

o parido na mais escrota periferia

não morreu

levado às pressas para o hospital

em coma ali por meses permaneceu

recomposto retrocedeu

pesou tanta desgraça e a vida podrida que viveu

já havia perdido seu reinado

de morte estava jurado

usurparam seu trono no crime

e ele não tinha pra onde ir

pensou, pensou, eles vão pagar caro

mato todos eles,

traidores e reles

pois quem foi rei nunca perde a majestade

mas ao deixar o nosocômio

sem destino e sem sonhos

seus olhos fitaram na sala de espera

uma flor linda, uma quimera

a morena fitou os olhos dele

hipnotizando o parido na mais escrota periferia

e ele viu a luz naquele dia

sua salvação era o amor

e o coração daquela flor

sem pedir nada o acolheu

e nunca mais o parido na mais escrota periferia

deixou de um só dia

venerar aquela que salvou sua vida

os dois moram na rua

apenas como cobertor eles tem a lua

mas sonham juntos os sonhos de todos

de vencer na vida florida pelo amor

ele esqueceu que é preto, pobre, desgraçado,

assassino, parricida, mas que descobriu que nenhuma desgraça

pode matar o sonho da vida.

e quando tudo parece estar perdido

se descobre que o sentido da vida

é sempre tentar uma saída

pois na vida só não existe saída quando chega a morte

Características

Número de páginas 260
Edição 1 (2019)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Offset 75g
Idioma Português

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