Há livros que nascem de inquietações intelectuais; outros surgem de memórias antigas, de feridas que nunca cicatrizaram por completo ou de silêncios que exigem palavra. Este aqui, porém, nasceu de algo mais raro e mais improvável: uma conversa. E como toda conversa verdadeira, ele começou pequeno, discreto, quase invisível, sem intenção de se tornar obra. Começou com um piano esquecido num café de Brasília, um piano alemão, pesado, de madeira escura, que o dono mantinha como quem guarda uma relíquia sem saber o que fazer com ela. Eu toquei esse piano pela primeira vez não para impressionar alguém, tampouco para cumprir qualquer ritual artístico; toquei para não sucumbir ao peso da melancolia que me rondava. A música, naquele instante, era mais instinto de sobrevivência do que estética.
Enquanto eu tocava, um homem se aproximou: Wagner. Ele não trazia aplauso, expectativa ou julgamento. Trouxera apenas silêncio — aquele silêncio atento de quem já perdeu muito e, por isso, aprendeu a ouvir o mundo com mais profundidade. Não houve apresentações formais, nem troca de protocolos sociais. Houve reconhecimento imediato, aquele tipo de reconhecimento que dois espíritos fatigados têm quando se encontram depois de longas jornadas internas. Desde então, por impulso ou destino, ele voltou no sábado seguinte, e depois no outro, e assim inauguramos um ritual que marcaria nossas vidas.
| ISBN | 9798275917079 |
| Número de páginas | 287 |
| Edição | 1 (2025) |
| Formato | A5 (148x210) |
| Acabamento | Brochura c/ orelha |
| Coloração | Preto e branco |
| Tipo de papel | Offset 75g |
| Idioma | Português |
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