Fragmentos

Desde criança sempre tive o hábito de guardar pequenos recortes de jornais e revistas que chamassem a minha atenção, bem como de registrar ditados, frases e piadas que, de alguma forma, causavam em mim algum tipo de simpatia ou de encantamento.

Alguns despertavam em mim o senso de humor, outros me faziam refletir sobre temas profundos como, por exemplo, a vida, a liberdade, o amor, Deus, etc., e outros, simplesmente, refletiam aspectos culturais da época em que vivia.

Em um tempo aonde ainda não existia a Internet para ajudar a disseminar a troca de informações, piadas, correntes, reflexões, etc. era um trabalho árduo coletar e guardar esses pequenos fragmentos que hoje fazem parte da minha história, da minha memória e da minha identidade.

Revendo recentemente cada uma dessas lembranças pude perceber opiniões que já não ostento mais, bem como preferências que também não me caracterizam mais. Foram, sem dúvida, importantes para a minha formação e meu amadurecimento, e devem ter sido relevantes em seu devido tempo, do contrário não teriam sido selecionados e armazenados na minha gaveta de recordações. Mas hoje representam, apenas, marcas das mudanças por quais passei e ainda passo.

Mas também encontrei muitas coisas que refletem muito bem minha personalidade atual, meu temperamento e minha forma de levar a vida. São esses os fragmentos que até hoje ainda carrego comigo, conscientemente ou não.

A maioria deles já se afiguravam amarelados devido ao passar do tempo; alguns, inclusive, já estavam servindo de alimento para as traças.

Ao invés de deixá-los abandonados à própria sorte, correndo o risco de não mais encontrá-los quando tornasse a limpar minhas gavetas daqui a dez ou quinze anos, resolvi prestar uma homenagem a uma época que me foi generosa.

Seguem, então, nas páginas deste pequeno livro, os fragmentos que consegui recuperar. Não fiz nenhum tipo de seleção, omitindo ou filtrando temas que, hoje, consideraria “politicamente incorretos”. Se o fizesse estaria mascarando o meu próprio processo de amadurecimento e crescimento pessoal. Estão aí, portanto, piadas de humor negro, sexistas e outros temas controversos. Peço, por gentileza, que não os julguem por si mesmos ou fora do presente contexto e com as ressalvas que já expliquei acima.

Também preferi apresentá-los sem seguir a nenhum tipo de categorização que pudesse organizar melhor o pensamento ou estruturar os temas apresentados. O motivo é que foi assim que eles foram coletados, sem uma lógica ou organização própria. É assim, portanto, que eu quero que eles sejam lembrados.