Meu Sequestro

José Altamiro Gênova Neto, mais conhecido por simplesmente “Neto”, de família italiana, herdou e conduzia com bastante sucesso uma indústria de móveis, e vivia na cidade de São Paulo, onde nasceu.

Casado e com 2 filhos, mantinha uma família estável e estruturada, bons amigos, e havia conquistado o respeito de todos que o cercavam. Vivia declarando sua paixão pela cidade de São Paulo, mais especificamente pela Avenida Paulista e pelas costumeiras caminhadas que fazia nos finais de tarde.

Vivia, assim, uma vida quase perfeita, sem dar-se conta da violência a que todos estamos sujeitos numa cidade de tantas desigualdades sociais, e num país onde é notória a subversão dos bons valores sócio-familiares.

Da mesma forma que um acidente ou a perda de algum ente querido nos subtrai, sem nenhum aviso, a paz e a felicidade, foram-lhe subtraídos todos os direitos e sentimentos que nos mantém inseridos no contexto social. Em questão de minutos a vida tomava um rumo totalmente incerto e excessivamente perigoso, e o medo instalava-se sem previsão de deixá-lo em paz novamente.

Perceber-se completamente impotente e nas mãos de desconhecidos sem rosto, sem nome e certamente sem nenhum compromisso com o próximo, é aterrorizante. Mesmo bem preparado para enfrentar a vida, com todas as suas heterogêneas dinâmicas sociais, e dotado de senso critico que poderia representar certa garantia de sobrevivência, as condições que lhe foram impostas simplesmente anulavam essas virtudes.

E o destino lhe foi implacável. Teria sido o nosso amigo obrigado a enfrentar, de forma consciente, sua própria tragédia, ou a vida ainda lhe reservaria algo de bom?

Foram muitos os detalhes que conspiraram para o desfecho dessa história, que foi vivida e que certamente poderá lhe proporcionar nobres reflexões.