Laura, com sua teimosia, ainda conseguiu cortar quatro touceiras de cana. Sentou-se e começou a sentir contrações. Os gemidos fizeram com que Tomás soltasse a foice e corresse ao seu encontro. Ao chegar perto dela, ficou apavorado, porque viu que o filho começava a nascer. Com cuidado, procurou segurar o bebê. Pediu que a mulher tivesse calma. Calma! Calma! Os gritos de Laura cortavam o silêncio da manhã.
Tomás pegou a roçadeira de Laura, que, além de nova, era bem amolada, cortou o cordão umbilical da criança e deu uma leve palmada nela: queria ouvir o choro do menino. Laura, aos choros de prazer, disse-lhe:
– Não faça isso, amor!
Tomás deu-lhe outra palmada e disse, pleno de felicidade.
– Toma mais! A criança chorou. Ele gritou de contentamento. É um bebezão! É um bebezão! Calma, Laura! Meu amor tem muito sangue!
Tomás correu uns 10 metros de distância. Existia coqueiro. Correu com a roçadeira, retirou um coco, deu um golpe no coco, banhou o menino com água de coco, pegou sua camisa, forrou o carrinho com cuidado e colocou Laura no carrinho e a criança no colo da mãe.
Com muito cuidado. tentou empurrar o carrinho, mas não era possível. A lama não deixava. Virou-se de costas para Laura e puxou o carrinho até chegar em terra firme. Quando percebeu que era terra firme, virou-se, beijou o filho e Laura e disse-lhe:
– Agora, sim, fica fácil levar vocês! Empurrou o carrinho com tranquilidade. Ao chegar à frente do alpendre, gritou!
– Vovó Alícia! Venha ver seu netinho!
Alícia correu, quando viu a filha, alegre, com o menino no colo. Falou:
– Meu Deus! Que aconteceu? O menino já nasceu, Daniel!
É um meninão, vovó! – Disse-lhe Tomás repleto de felicidade.
Daniel e Juliano correram, ao ouvir os gritos de Alícia. Laura chorava de contentamento. Ainda assim, Alícia pediu que Juliano fosse à casa da parteira Janaína, pois queria que ela cuidasse de Laura pelo menos naquele momento.
Juliano, rápido, arriou Sansão e partiu feito um raio em direção à casa de Janaína. Chegou aos gritos:
– Janaína! Janaína!
– Que foi, meu filho? Que desespero é esse?
– Laura deu à luz. Vamos rápido!
Ao chegar à Fazendola, Janaína se dirigiu ao quarto onde estavam mãe e filho. O filho dormia, enquanto Laura estava pálida, pois perdeu muito sangue.
Fez os asseios com água de aroeira em Laura e pediu que ela colocasse as pernas para cima, para evitar uma possível hemorragia.
Janaína pegou o umbigo do menino, entregou-o a Juliano e pediu que ele o enterrasse no Adro da Capela mais próxima, para que aquele menino fosse um homem bom e temente a Deus. Juliano pegou uma enxada, o alazão já estava arreado, e partiu em direção à Capela que ficava à distância de um quilômetro. Logo que fez o pedido de Janaína, chegou e disse que cumpriu sua promessa.
ISBN | 978-65-00-85787-0 |
Número de páginas | 131 |
Edição | 1 (2023) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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