Tudo que morre deixa um rastro: um som, um cheiro, uma memória suspensa no ar. A morte, afinal, é apenas a forma que o corpo encontra para continuar existindo fora de si. E é nessa fresta entre a carne e o infinito que O Doador se constrói — não como romance, mas como autópsia da alma.
Helena, médica e viúva, não busca a salvação de ninguém; busca o eco. Quando autoriza a doação do corpo do marido, ela não imagina que estará, aos poucos, recolhendo os pedaços dele espalhados em outros corpos, como quem reconstitui um templo profanado. Cada viagem é um reencontro com uma parte perdida, cada pessoa receptora é um espelho invertido do que ela amou. E assim a ciência, fria e metódica, se transforma em rito, e o bisturi, em instrumento de revelação.
Em O Doador, o corpo não é matéria: é memória. Evan do Carmo escreve como quem abre uma ferida com delicadeza, e a cada capítulo escava a fronteira entre o humano e o divino, até que o amor, despojado de pudor e moral, apareça em sua forma mais verdadeira — a de um instinto de continuidade. O livro não fala de morte, fala de transferência: do gesto invisível que faz o coração de um tocar dentro do outro, da persistência de uma presença que não aceita desaparecer.
O reencontro entre Helena e Davi é o ponto em que a literatura volta a ser risco. É ali que o autor se recusa a servir à moral e escolhe servir à verdade.
| ISBN | 9786501787084 |
| Número de páginas | 209 |
| Edição | 1 (2025) |
| Formato | A5 (148x210) |
| Acabamento | Brochura c/ orelha |
| Coloração | Preto e branco |
| Tipo de papel | Polen |
| Idioma | Português |
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