O limiar, esse espaço nebuloso entre o ser e o não-ser, entre o desejo e a renúncia, entre a coragem e o medo, é o ponto de partida e o final que nunca chega. No limiar, somos todos protagonistas de uma busca que não tem respostas definitivas, mas apenas ecos de nossas próprias dúvidas e escolhas. É nesse território que Evan do Carmo nos conduz com sensibilidade e profundidade, navegando pelas águas turvas da existência, onde o medo e a coragem se entrelaçam, e onde o homem se encontra não só com sua própria fragilidade, mas também com sua potência de transformação.
Este livro de poemas e ensaios é um convite para olhar o limiar da vida de forma nua e crua, sem os adornos confortáveis das certezas que buscamos. Aqui, o autor não oferece respostas fáceis nem conclusões apressadas, mas, ao contrário, abre uma janela para a vastidão das perguntas. Cada poema é uma meditação sobre o espaço entre os momentos, a incerteza que nos define, o vazio que nos preenche e o olhar inquieto que nunca se satisfaz.
Evan do Carmo, com sua habilidade singular de explorar a alma humana, nos faz sentir a tensão constante entre os opostos que habitam o limiar. Em suas palavras, o homem é ao mesmo tempo um ser que se afasta do abismo e um ser que se aproxima dele, sem nunca saber qual passo tomará. Mas é no movimento dessa caminhada, no desafio constante de existir sem certezas absolutas, que a beleza reside. A busca, mais do que o encontro, é o que importa.
Este livro não é apenas uma reflexão sobre o limiar; ele é, em si mesmo, um limiar. Ao virar de cada página, o leitor é convidado a se situar entre o conhecido e o desconhecido, entre a palavra e o silêncio, entre a dor e a alegria da escolha. Ao final, o que se revela não é uma resposta, mas a própria profundidade da pergunta. E talvez, no fundo, seja isso o mais importante: aprender a viver no limiar, onde tudo é possível, mas nada é definitivo.
Ao abrir este livro, que ele sirva de espelho, de reflexão, e de convite para que cada um de nós se enfrente com os limites e infinitudes de sua própria existência.
[Emil de Castro]
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