Osso vazio, de Chiu Yi Chih, é um livro de poemas em prosa que incorporam a imagética visionária do surrealismo, a ressonância das leituras e traduções que o autor vem realizando da filosofia clássica chinesa – Laozi, o autor do Dao De Jing, Zhuangzi e outros mestres taoístas – e ainda as experiências poéticas inovadoras de autores como Francis Ponge, o autor de Le parti pris de choses, entre muitas outras leituras e vivências (sim, os poetas também dialogam com a vida, essas “vida-punhal lançada ao ar”, para citar o poema de abertura do volume, Fulgores). O poeta transcende os limites entre o verso e a prosa narrativa com a mesma fúria que rompe com o discurso sintático lógico-linear, fazendo associações livres e inesperadas entre palavras e imagens que nos surpreendem pela estranheza lírica: “o jardim, silêncio à tona, com os olhos de uma foice cruzando aquela porta estreita, o jardim quase interminável e, mais além, próxima de seu orifício central, uma urna coberta por madeixas azuláceas semeando a fogueira da morte”. É uma música poética encantatória, próxima a uma voluntária alucinação, que nos faz recordar a Lettre du voyant de Rimbaud, com a sua exigência de um “desregramento razoável de todos os sentidos”.
Número de páginas | 138 |
Edição | 1 (2022) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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