O ensaio de Antônio de Aguiar Sousa, "Outeiro, Minha Praia, Caratateua Minha Ilha", oferece ao leitor um excelente retrato do tempo e do espaço insular da região metropolitana de Belém da Amazônia. Obra de pesquisa expedita, resume fontes da história oral do distrito de Outeiro e comunidades locais na ilha de Caratateua, as quais se agregam à historiografia do Estado do Pará e suas conexões pré-coloniais, coloniais e após a independência nacional. Não podemos perder de vista o fato histórico de que a nação Tupinambá conquistou o Maranhão como preâmbulo da aliança com os portugueses sob a União Ibérica (1580-1640), que determinou a Amazônia portuguesa (1494-1823) - do tratado de Tordesilhas até a Adesão do Pará à independência do Brasil -, significa dizer as ilhas do estuário amazônico foram fronteira entre os povos indígenas Aruak e Tupi antes de se tornar, mais tarde, os limites naturais entre os reinos de Espanha e Portugal. Portanto, as 39 ilhas de Belém do Pará somam-se ao arquipélago do Marajó no delta-estuário do rio Amazonas, declarado em 2018 parte principal do Sítio Regional Ramsar do Estuário do Amazonas.
Para quem, como eu, conhece Outeiro de longa data, a leitura do livro de Antônio de Aguiar Sousa é um reencontro. E até mais que isto, um descobrimento surpreendente: amostra da insularidade de Belém do Pará evocando os primeiros ribeirinhos da região.
A geocultura da ilha de Caratateua confere ao distrito de Outeiro em relação dialética com Icoaraci qualidade de integração entre as ilhas do Guajará e a terra firme da península do Guamá sobre a qual se acha assentada a cidade de Belém do Grão-Pará, Amazônia brasileira. O livro, portanto, demonstra a evolução histórica e geográfica da ilha de Caratateua sob a força gravitacional da capital metropolitana.
Aspecto sumamente interessante, desta relação socioambiental entre as ilhas e a cidade-continente, diz respeito à escolha histórica para construção da Escola-Bosque Eidorfe Moreira, com seu coroamento evolutivo representado pela criação do Ecomuseu da Amazônia como extensão museal da Escola-Bosque. A obra em epígrafe assemelha-se a uma "ponte" criativa para futuras pesquisas e autores que poderão prosseguir na senda aberta por outros cultivadores da memória de Caratateua / Outeiro, que antecederam o autor por ele citados com gratidão e apreço.
Desta maneira, cumprimento o autor da obra e faço votos de que a recente criação da Universidade Livre da Amazônia, instituição corporativa acadêmica da municipalidade de Belém, suscite muitas obras tais como está de Antônio de Aguiar Sousa, que ora se apresenta ao leitor interessado.
José Marajó Varela, autor de
"Breve História da Amazônia Marajoara".
ISBN | 9786501273778 |
Número de páginas | 323 |
Edição | 2 (2025) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Polen |
Idioma | Português |
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