Sentados ao redor da fogueira todos ouviam atentos as estórias contadas pelos anciões da aldeia. Contos assombrosos que encolhiam todos na rede receosos do sobrenatural, outros que levavam a mundos intangíveis, ornamentados pela imaginação de cada um, permitindo vivenciar momentos que traziam diversão e lições preciosas.
Pai´é – Contos de Muito Antigamente é um pouco disso. Apresenta uma sequência de textos produzidos pelo autor e que oscilam entre o mundo real e o imaginário, traduzindo diversas culturas e os muitos mistérios que permeiam nosso cotidiano.
Pai´é significa Pajé em tupi-guarani. O pajé é o grande interlocutor entre os diversos mundos que se tangenciam ou se inter-relacionam levando-o a inúmeras experiências míticas e espirituais, trazendo para os homens a mensagens dos espíritos e deuses que fecundam esses universos paralelos.
Dom Juan, em uma das obras de Carlos Castañeda, afirmava que nosso mundo, que acreditamos ser único e absoluto, é apenas um meio a um conjunto de mundos consecutivos, arrumados como as camadas de uma cebola. Dizia, que apesar de sermos energeticamente condicionados a perceber somente nosso mundo, ainda temos a capacidade de entrar nessas "outras regiões" - que são tão reais, únicas, absolutas e envolventes como nosso mundo.
Propomos, então, acendermos a fogueira de nossa imaginação e nos deixarmos levar por essas muitas estórias, vagando além das realidades, permitindo-se contactar com seres que habitam as muitas salas de nossas mentes e deixá-los livres.
Antigamente a cidade era habitada por indígenas e o lago era considerado a morada de uma velha deusa chamada Cunhapora. Contavam que Cunhapora era de extraordinária beleza, nas noites de lua cheia caminhava às margens da lagoa e encantava os rapazes levando-os para um festim sexual no fundo das águas, de onde nunca mais retornavam. Todos os anos os aldeões ofereciam-lhe homenagens com flores, danças e um rapaz era escolhido e lançado às águas. Acreditavam que tal providência evitava que a deusa caminhasse pela aldeia e levasse consigo outras pessoas. Também evitava-se a propagação de doenças que a deusa lançava quando contrariada. E todos atentos fitavam as expressões e gestos do Pajé, buscando insistentemente adentrar seu mundo e conhecer aquela figura extraordinária.
ISBN | 978-85-89091-66-4 |
Número de páginas | 116 |
Edição | 1 (2012) |
Formato | A4 (210x297) |
Acabamento | Capa dura |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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