Sombras do Passado

Introdução

Helena sempre acreditou que sua vida fosse comum.

Como restauradora de arte em uma pequena e discreta

galeria no coração de São Paulo, passava os dias imersa

em tintas, pincéis e nas histórias silenciosas de artistas

esquecidos, cujas obras estavam aguardando a chance de

renascer. A rotina, aparentemente tranquila, era

preenchida por sua paixão silenciosa por cada tela

envelhecida, cada pincelada de uma época distante. Sua

vida seguia sem grandes surpresas até o dia em que

Eduardo Vasconcellos entrou pela porta da galeria.

Ele era um homem de presença imponente. Alto, com

olhos penetrantes e um ar de mistério que não passava

despercebido. Cada gesto seu parecia calcular

cuidadosamente cada movimento, como se soubesse

mais do que deixava transparecer. Ao contrário dos

outros visitantes da galeria, que apenas apreciavam as

obras, Eduardo parecia se interessar profundamente por

cada uma delas, como se estivesse procurando algo. A

princípio, Helena se sentiu apenas curiosa, mas logo

percebeu que havia algo mais em jogo. Ele a observava

de longe, com uma intensidade desconcertante. E, ao

mesmo tempo, havia algo em seu olhar que despertava

nela uma mistura de fascínio e desconfiança.

Foi numa noite fria, após mais uma jornada de trabalho

exaustiva, que a atmosfera ao seu redor começou a

mudar. Enquanto terminava os últimos retoques em uma

pintura, Helena percebeu que estava sozinha na galeria.

As luzes suaves refletiam nas molduras douradas e nas

tintas secas, criando um ambiente quase onírico. Foi

então que, ao voltar para sua mesa, encontrou um

envelope lacrado, com um selo vermelho, sem remetente.

Seu coração disparou. Não havia dúvidas de que a carta

tinha algo a ver com o misterioso Eduardo.

Com as mãos trêmulas, ela abriu o envelope e leu a

mensagem escrita em tinta vermelha: "Cuidado com o

que você busca. Nem todas as obras devem ser

restauradas." Aquelas palavras, carregadas de uma

ameaça velada, pareciam carregar um peso indescritível.

Assustada, ela olhou ao redor, mas não havia sinal de

ninguém. A galeria, antes tranquila e familiar, agora

parecia um labirinto de segredos. O medo se misturava

com a curiosidade. A partir daquele momento, sua vida

tomou um rumo imprevisível, mergulhando em um jogo

perigoso de segredos, mistérios e revelações ocultas

entre as pinceladas de antigas obras de arte