Escrever tendo sido para mim exercício constante de superação. É minha maneira de viver para além de quem sou. Minha escrita nasce longe, nasce nos sertões de minha gente e se revela aqui perto do mar, sou o encontro feliz, às vezes amargo, entre os sertões e o mar, a solidão sertaneja e a alegria do povo do recôncavo.
Quando comecei a escrever “Confraria dos Ratos” pensei nas ferrugens que estão a corroer pouco a pouco nossas mais sagradas utopias, observando pessoas percebi o quanto estão ficando vazias de sonhos e utopias. Desgraças são servidas cotidianamente e já não apavoram ou causam estranheza.
“Confraria dos Ratos” foi publicado em 2013 com o nome de “Urbem Angeli”, mas confesso que a pressa em publicar não foi uma boa ideia, o texto saiu com vários erros de digitação e semântica estranha, então reescrevi, revisei e troquei o título por um mais direto.
Foram impressos quinze exemplares dessa edição primeira com o título de “Urbem Angeli”, vão ficar por aí, quem sabe um dia alguém se interesse em comparar as duas versões.
Quem se acostuma com a dor pouco pode buscar na vida algum sentido. Penso que esse “acostumar-se” com as mazelas da vida é fruto, ao menos no Brasil, de poderosa engrenagem política a serviço do crime e manipulação ideológica. Nada que rima com dor pode ser chamado de amor, quem enxerga a dor social como algo normal há muito foi desumanizado e não percebeu.
“Confraria dos Ratos” se passa em uma atmosfera de caos e descontrole emocional, um lugar no qual a banalidade do crime e desordem são frutos do absurdo do poder, o absurdo de um projeto político no qual o poder é um fim em si mesmo.
Entre o fantástico, exagero, grotesco e realidade sombreada pelo medo se passa a história de personagens cerceados até das suas emoções mais íntimas. Um partido totalitário e insano adorado como deus, povo submisso e cidadãos corruptos são os ingredientes que usei para criar a não sociedade da Urbem Angeli, cidade fictícia, mas que tem muito de nossas cidades, desse Brasil que pouco se reconhece como nação, como se cada estado fosse em si um país.
Capítulos curtos, sequências rápidas, tempos e espaços caóticos são os motores da narrativa. Um pequeno livro para ser lido em um fôlego só, mas que nos traz reflexões importantes sobre quem somos, sobre que sociedade criamos e nossa parcela de culpa na desorganização das nossas vidas.
Ediney Santana, Santo Amaro-BA, outubro de 2013
Número de páginas | 102 |
Edição | 1 (2013) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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