Mais um livro do autor Leon Cardoso da Silva. Sendo uma obra de contos o autor soube bem explorar diversos aspectos psicológicos, filosóficos e literários. Aqui há a realização de uma abordagem muito intensa de temas como solidão, amor, angústia, humor, violência, etc, lembrando um grande escritor brasileiro de contos, Rubem Fonseca. Certamente há uma influência deste com relação ao autor desse livro como, por exemplo, no conto “Pequena autobiografia de Mariosvaldo Bacelar”: “Olhei de canto e vi uma mulher loira, nua com um pedaço de pano na boca. Ele estava em cima dela segurando-a pelos braços. Pensei estrategicamente no que fazer. Não sabia se ele estava armado e se o carro era blindado. Mas resolvi dar um tiro no pneu para que ele não conseguisse fugir e assim o fiz. Dei um tiro no pneu esquerdo traseiro e em seguida outro no dianteiro do mesmo lado. Ele não teve tempo de reagir e eu dei uma coronhada no vidro da janela, quebrei de uma única pancada. Quando observei melhor ele estava com uma arma na mão, acho que era uma pistola 765, arma muito mais potente do que a minha. (...) Ele tentou fugir sentando no banco do motorista e ligando o carro. Eu fiquei em pé e colei o cano do 38 na testa dele. Ele ficou surpreso em saber que era eu, tinha me reconhecido naquela escuridão”. O autor sabe bem explorar estes temas no decorrer do livro. Além disso, há uma tênue junção de certas características trágicas e cômicas, por sua vez, experimentação muito interessante para nossa literatura contemporânea.
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