EXÓRDIO
Todo autor ao escrever uma obra literária, mergulha profundo nos acontecimentos de sua história, fazendo uma espécie de canal de transferência da ficção para realidade, onde tudo que se passa pela mente é canalizada através de uma imagem imaginária, saindo do meio invisível para uma forma palpável. Assim, todos apreciam suas obras da forma como o mesmo imaginou. Para mim, esta é a parte mais gostosa da arte de escrever, parte esta, que o autor se cobre de uma espécie de injeção de ânimo misturado com prazer ao sentar à frente de um computador e mergulhar profundo neste meio inexistente.
Existem autores que conseguem passar exatamente como imagina, presenteando os leitores com um relato de entendimento dialético e cândido, outros não conseguem e fazem de uma forma mais abstrata, levando o leitor a usar a imaginação para entender o que o mesmo quis dizer. Somos verdadeiros loucos e na maioria das vezes, grandes mentirosos. Esta obra que tento rabiscar nestas páginas, se trata não de uma ficção, mas acredito que um documentário, e o motivo de escrever este trabalho foi a de exatamente deixar registrado com detalhes todo acontecimento da catástrofe do vale do mundaú em São José da Laje, que destruiu mais setenta por cento da cidade e trucidou mil quatrocentos e noventa e oito pessoas no dia 14 de março de 1969. Poderíamos perguntar, o por quê de escrever sobre uma enchente, já que é tão trivial acontecimentos iguais a estes no nosso dia a dia!? Ao ler a obra, observamos, que não foi uma enchente qualquer e sim, uma tromba d’água relâmpago, que caiu na cabeceira do rio Canhoto, na cidade de Canhotinho precisamente no sítio São João. Este rio corta a cidade de São José da Laje no Estado das Alagoas. Muitos historiadores já fizeram algumas reportagens, já escreveram alguns fatos sobre o assunto, mas não com detalhes. Este trabalho foi uma pesquisa feita em fontes fidedignas e de uma forma muito árdua. Entrevistas com muitas pessoas que sofreram a fúria das águas de março e que ainda hoje, marcara no rosto de cada entrevistado o pavor daquela madrugada tão escabrosa.Trinta anos se passaram, mas ainda está muito presente na mente do povo simples da cidade.
A recolha dos documentos da época. A conclusão de todo trabalho de pesquisa durou pouco mais de dois anos. Foi muito proveitoso escrever este fato; muito marcante, inclusive; tanto, que muitas pessoas quando me ouvem comentando à respeito da tragédia, juram que eu vi tudo e na realidade, eu só tinha seis meses de nascido, mas com a pesquisa, o pavor dos entrevistados, me fizera ficar com uma sensibilidade à flor da pele em si tratando do assunto. Naturalmente adquiri esta emoção e transmito com realismo. Esta obra não relata somente sobre a catástrofe; mas também sobre o histórico da cidade de São José da Laje e muitas outras passagens referentes à cidade minha terra natal.
Águas de Março é um documentário que para mim tem um título muito especial; porque diante das pesquisas feitas, descobri que os grandes acontecimentos da cidade foram exatamente em Março.
Flávio Cavalcante.
Número de páginas | 272 |
Edição | 1 (2020) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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