Esta pesquisa se origina da necessidade de pensar sobre a Antiguidade Clássica e sua relação com o universo colonial brasileiro. Sendo o processo de controle de Portugal sobre as terras americanas iniciado durante os séculos XVI e XVII é natural imaginar que as relações culturais travadas no âmbito do Renascimento se refletissem no mundo colonial, porém, apesar desta percepção, os historiadores pouco haviam tratado do tema, com exceção do trabalho clássico de Sérgio Buarque de Holanda, Visão do Paraíso, poucas são as abordagens que relacionam o Renascimento ao mundo colonial, isto normalmente porque a historiografia se volta a percepção do que há de específico às relações coloniais se afastando com isso das continuidades e uma destas é, exatamente, a presença constante das referências à Antiguidade Clássica. Portanto, nosso objetivo com esta tese é observar a presença de referências à Antiguidade nas crônicas coloniais e avaliar como esta presença é utilizada pelos cronistas, sobretudo, com o objetivo de ocidentalizar a América, isto é, de transformar aquele território inóspito, desconhecido e não-familiar em um lugar hospitaleiro, descrito em seus pormenores, no qual o europeu estaria familiarizado com o Espaço e a Paisagem. Para isso, utilizamos aqui a metodologia da Análise de Discurso, sobretudo de vertente francesa. Esta metodologia poderia nos afastar da História por ser uma técnica utilizada principalmente pelos Estudos Literários, contudo, acreditamos que esta seja a melhor escolha para avaliar estes textos. Baseamos nossas considerações sobretudo em Michel Foucault, Roland Barthes e A.J. Greimas, e não poderíamos deixar de citar, Mikail Baktin, e chegamos aos resultados que agora apresentamos em forma de tese. Reconhecemos aqui o maior uso de referências mítico-poéticas, e dentre elas Hércules e Marte, além do Oceano, Júpiter, Apolo e Heitor; seguidamente por referências filosofico-literárias, em que se destacam Aristóteles, Plínio, Virgílio e Ovídio; e por fim as referências histórico-geográficas, em que se destacam as referências a Alexandre o Grande, Cipião, Júlio César e Aníbal, além de Cartago, Atenas, Esparta e Tróia. Propomos duas explicações para estes resultados: primeiramente, a necessidade dos cronistas coloniais se filiarem a uma instituição para manter seu discurso circulando, o que causava uma certa necessidade de adequar-se as regras que aquele ambiente intelectual impunha; e, também, a adoção por parte do cronista da tradição intelectual que ele dispunha para poder entender o mundo americano que se abria diante dele, suas únicas ferramentas, ou melhor, armas para enfrentar o desconhecido.
ISBN | 978-65-5392-513-7 |
Número de páginas | 373 |
Edição | 1 (2018) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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