A Poética do Terror em Rogério S. de Farias
O livro "Casulo Transcendental", de Rogério S. de Farias, apresenta desde o título uma metáfora poderosa: o casulo representa um espaço de transformação, um ambiente fechado e introspectivo, enquanto o transcendental remete à busca por algo além da realidade tangível. Essa dualidade reflete a essência da obra, onde o terror não é apenas um elemento narrativo, mas uma experiência sensorial e filosófica. Ao longo dos poemas, são explorados temas como o isolamento, a metamorfose e o medo do desconhecido. O autor constrói imagens que evocam tanto a fragilidade humana quanto a inevitabilidade da mudança, frequentemente utilizando símbolos como sombras, espelhos e criaturas fantásticas.
A estrutura poética de Rogério S. de Farias reforça a atmosfera sombria de seus versos, marcada por aspectos estilísticos notáveis. O uso de versos livres, por exemplo, permite que o ritmo se adapte ao conteúdo emocional de cada poema, criando pausas estratégicas que intensificam o suspense. Além disso, o autor recorre a aliterações e assonâncias, cuja repetição de sons contribui para uma musicalidade hipnótica. Imagens sensoriais, como “o sussurro das paredes” ou “o frio que rasteja pela pele”, são frequentemente utilizadas, envolvendo o leitor de maneira intensa. Esses elementos tornam a poesia de Farias profundamente conectada com seus contos de terror, criando uma experiência literária imersiva.
Entre as temáticas recorrentes em *Casulo Transcendental*, destacam-se o medo como metáfora existencial, a transformação e o grotesco, e a relação entre o belo e o macabro. O terror nos poemas de Farias transcende o sobrenatural, refletindo angústias humanas profundas, como a solidão e a finitude. A ideia de metamorfose, seja física ou psicológica, aparece frequentemente, evocando imagens de corpos que se distorcem ou mentes que se fragmentam. Por fim, a estética construída pelo autor desafia a percepção tradicional do que é belo, transformando o horror em algo quase sublime.
A relação entre os poemas e os contos de Rogério S. de Farias é evidente na maneira como ambos exploram o terror de forma sensorial e filosófica. Enquanto os contos apresentam narrativas estruturadas, os poemas condensam essa mesma atmosfera em imagens e ritmos que intensificam a experiência do leitor. Um conto como *A Sombra Rastejante* pode ser visto como uma extensão de temas abordados em poemas como *Demônio Interior*, onde o medo se manifesta como uma entidade que se infiltra na mente do protagonista. Essa interconexão entre prosa e poesia demonstra a habilidade do autor em criar um universo coeso e multifacetado.
A obra poética de Rogério S. de Farias não apenas complementa sua produção narrativa, mas também expande os limites do terror literário. Seus versos não buscam apenas assustar, mas provocar profundas reflexões sobre a condição humana, utilizando o medo como um espelho para nossas próprias inquietações.
Número de páginas | 82 |
Edição | 1 (2010) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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