Nunca me senti personagem da minha vida. Sempre me percebi mais como uma nota de rodapé — uma dessas que poucos leem, mas que, sem elas, o texto principal não se sustenta. Escrevo não para ser compreendido, mas para me escutar. Porque há dias em que nem a minha respiração parece vir de mim. Há dias em que o mundo me atravessa como se eu fosse apenas um vão entre os acontecimentos.
Não há história aqui, apenas ecos.
Fragmentos de uma vida pensada demais e vivida entre parênteses. Helena foi um grito. Sofia, uma pausa longa. Entre uma e outra, fui ficando. Fui sendo. Fui me desfazendo como os livros sublinhados que deixamos de reler.
Não quero convencer ninguém de nada. Nem mesmo a mim. Quero apenas deixar aqui, com algum pudor e muito desassossego, aquilo que não coube nas conversas, nos abraços, nos silêncios partilhados. Este não é um diário. É um espelho em cacos. Cada texto, um reflexo torto de um rosto que já não sei se é o meu.
Se abrir essas páginas, abra devagar. Como se abrisse uma carta de alguém que não vê há muito tempo. Como se pudesse ouvir o som das entrelinhas.
Como quem pisa em um campo minado de lembranças.
E, ainda assim, segue.
— Miguel
ISBN | 9798283025278 |
Número de páginas | 87 |
Edição | 1 (2025) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Polen |
Idioma | Português |
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