Tendo em vista que o processo de cuidado desempenhado pela enfermagem, propicia
a vivência de emoções de muitas ordens podendo gerar sofrimento psíquico, esta
pesquisa teve como objetivo compreender a percepção de sofrimento psíquico no
trabalho, elaborada pelos profissionais da enfermagem. Trata-se de pesquisa de
natureza qualitativa. Empregou-se a técnica de entrevista semiestruturada e foram
ouvidos doze auxiliares de enfermagem que desempenham atividades na unidade de
um Hospital das Clínicas. Os dados obtidos foram analisados a partir da análise
temática tendo como referencial teórico de Christophe Dejours. Da análise das
narrativas produzidas emergiram três temas: Gratificação, Angústia e Impotência. A
discussão dos temas evidenciou que os sujeitos têm sentimento de gratificação no
desempenho de suas funções, sentem-se úteis e se reconhecem no processo do
cuidado. Por outro lado, alguns sujeitos ouvidos relataram o sofrimento em função do
mal-estar e tensão causados pelo conflito entre o desejo de realização do trabalho
com qualidade, empenho e comprometimento, e a frustração por não conseguirem,
devido a questões pessoais, sociais, administrativas e técnicas. O sentimento de
impotência surgiu diante da falta de autonomia, falta de participação na tomada de
decisões que envolvem responsabilidade no trabalho. Assim como foi evidenciado as
dificuldades vividas a partir da escassez de recursos humanos e materiais, como
também foi apontado o conflito na equipe como fator gerador de dificuldades no
campo laboral. A investigação aponta que o distanciamento do profissional às
questões pertinentes ao seu próprio mundo mental, dos aspectos intrínsecos que lhes
dizem respeito à ausência de percepção e elaboração dos seus sentimentos, pode
dificultar o fluir dos subjetivos processos de desenvolvimento. Outro aspecto
importante apontado é a necessidade de que as instituições de saúde ofereçam
subsídios para a implementação de ações de promoção e prevenção dos agravos à
saúde do trabalhador em sofrimento psíquico.
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