Qual é a Graça?

O SHOW

— Senhoras e senhores, com vocês O Maravilhoso, Glauber, o Palhaço.

Ao surgir aquela figura cômica, que diverte as crianças do mundo todo, o povo começa a aplaudir freneticamente, um palhaço com a cabeça ovalada, barba e maquiagem mal feitas, cabelos roxos e uma cicatriz no rosto, não vestia nem calças folgadas, nem sapatos gigantes, mesmo assim o público se diverte com a figura que acaba de surgir no palco, entra simplesmente andando, sem fazer cambalhotas ou qualquer tipo de graça, ele apenas entrou e parou, olhando todo o público. O circo faz silêncio para ouvir o palhaço.

— Boa noite senhor Palhaço. – Cumprimenta um espectador.

— Palhaço é teu pai. – resmunga Glauber.

O povo cai em gargalhada, nunca viram um palhaço igual.

O DRAMA

Diz o mestre cerimonial do circo

— Agora, com vocês a nossa maior atração, queiram aplaudir o incrível palhaço Glauber.

Entro arrastando uma cadeira e uma bolsa pendurada à tira-colo, nala está o necessário para eu sobreviver a esta noite. Estão me aplaudindo de pé enquanto entro, mas sabem que tudo que eu mais quero é ir embora daqui, é o final do espetáculo, o mais esperado pelo público, o mais fatídico pra mim. Sento e fico parado por uns dez segundos, a platéias está apreensiva pelo meu primeiro movimento, eles querem o show, eles pagam por isso.