Em 13 de agosto de 2011, estávamos mais uma vez na assistência assistindo a uma seção de Umbanda. Era noite de gira de Povo de Rua (Exus e Pombas Giras).
Como já acontecia a algumas seções, minha esposa já vinha recebendo seus guias e eu sempre procurava incentivá-la, pois ela não queria seguir este caminho, e mais uma vez, depois de aberta a seção, ela recebeu Ogum, que trabalhou e subiu.
Depois de tocado para os Orixás da noite, foi dado uma pequena pausa e neste intervalo ela me contava como era a sensação de receber um guia. Eu, como sempre, maravilhado, absorvia cada palavra sua, querendo saber mais e mais, pois como eu sempre costumava dizer “– Você é boba né, tem um dom tão bonito e não quer e eu que queria tanto, não tenho! ” Já que eu não sentia, não via e nem ouvia nada....
Foi tocado a sineta, sinal de que já seria retomado os trabalhos da noite, agora para Povo de Rua.
Depois que a Pomba Gira chefe da casa iniciou os trabalhos, vários médiuns foram incorporando e minha esposa, mais uma vez, recebia sua moça assim que foi chamada para “girar”, pois como já mencionei, estávamos na assistência.
Para não constranger ou criar qualquer desconforto, vou chamar a guia chefe da casa de Dona Sete e a Mãe de Santo de Luzia, que são nomes fictícios.
Depois de um tempo, D. Sete me chama, como já havia feito em outras ocasiões em que ela queria conversar comigo. Mas para minha surpresa, ela me pega pela mão, me leva ao centro do Terreiro, manda eu fechar os olhos, pôr as duas mãos para traz e girar.
Eu pensei comigo, “de que adianta, não sinto nada? ”, mas qual não foi a minha surpresa, quando comecei a girar e uma energia forte, com uma sensação de enormidade, se apoderou de mim e batia tão forte com o pé no chão que depois houve relatos de que se sentia o chão vibrar a cada batida. E foi assim que me abri para a Umbanda pela primeira vez.
Já no dia 2 de setembro, estávamos eu e minha esposa, de branco, em uma corrente mediúnica. Mãe Luzia sempre nos mostrando o caminho e nos ensinando.
Ficamos com Mãe Luzia até o fim de 2012, já que alguns meses antes, outros guias da casa já nos haviam alertado de que deveríamos seguir nosso caminho em outro lugar, que ali já havíamos aprendido o que eles tinham para ensinar, o que negamos veementemente até que fatos alheios a nossa vontade nos levassem a sair do Terreiro de Mãe Luzia, onde estaremos eternamente ligados pelos laços do amor e por ter sido lá, que a nossa semente germinou.
Fomos “estagiar” em outro terreiro, onde ficamos por aproximadamente três meses, de janeiro a março de 2013.
Não exagero em dizer que aprendemos mais de Umbanda nesses três meses no Terreiro do Pai de Santo Josias (nome fictício) do que no tempo em que estivemos no Terreiro anterior, não que não tenhamos aprendido muito com mãe Luzia, mas com Pai Josias nos soltamos e nos libertamos de todas as amarras de preconceito, medo e julgamentos.
Aprendemos a confiar muito mais em nossos guias e a ajudar cada vez mais de coração.
E foi nesse tempo com Pai Josias que conhecemos outras casas e “Umbandas diferentes”, com suas ritualísticas e formas de trabalhar. Em uma dessas visitas, onde sempre éramos recebidos com carinho e atenção, foi que pela primeira vez nos foi dito que precisámos seguir um caminho diferente do que estávamos, que precisaríamos ter uma tenda, e que deveríamos ajudar mais e mais pessoas.
Mais uma vez negamos e mais uma vez, movidos por forças além de nossa compreensão atual, fomos “retirados” da casa de Pai Josias.
O mais interessante é que não fazíamos qualquer ideia de como começar. Como dizia minha esposa na época: “– De que adianta começar a atender e ajudar, ninguém nos conhece, ninguém vai nos procurar. ” E os guias como sempre, com paciência e perseverança, foram fazendo os assentamentos, as firmezas, as proteções e assim que acabaram, as primeiras pessoas começaram a aparecer.
No fim de 2013, mais uma vez nos pegam de surpresa. Desta vez, dizem que já é hora e é preciso construir um barraco para os trabalhos, pois até então, destinávamos um cômodo de nossa própria casa para isso.
Nos perguntávamos: “Como iremos construir algo, já que muitas vezes o único dinheiro que sobrava era para comprar vela para algum atendimento. ”
Mas mais uma vez Eles nos mostraram o que é ter fé. Em menos de 1 ano estava pronto a sede do CEFA, simples como pediram, mas estava pronto. Com a ajuda de muitas pessoas que nem imaginávamos, as coisas foram acontecendo e hoje é uma realidade.
E assim surgiu o CEFA – Centro Espiritualista Força de Aruanda, que com a Graça de Zambi, a luz de Oxalá, a força dos Orixás e os ensinamentos dos guias e protetores, irá perdurar por muitos e muitos anos.
Axé e muita luz a todos!
Fabiano J. Silva e Juselia J. Silva – Zeladores no Santo do CEFA.
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