Soneto 901: Zé da sanfona
Espicha o fole da sanfona na fresca silhueta
De um prédio novo e chique a festiva sombra...
Gente desocupada quase perdida a esperança escombro;
Já cansada de tanto bater as portas do emprego (a coisa está preta)!
Então fica ali, a ouvir o Zé espichar o fole da sanfona eufônica...
Que já esteve ferrado, que para vir ao centro da cidade, pedia carona.
E para melhorar o seu nível aprendeu a cantar outros idiomas...
Hoje, muito lhe põe dinheiro e aplausos! E leigos - o riso irônico!
Na sombra do prédio chique o Zé derriça uns bons trocados
Com a sua sanfona. E toda a tarde fica sorrindo à toa!
Minha nossa!... Posso dizer que estou bem empregado!
E assim ele faz todos os dias - que até já se acostumaram a ir
Nesse seu teatro de rua para vê-lo cantando ao palco calçado;
De alma feliz e cheia de canções bem afinadas.
Soneto 902: O grito de anjo
Um grito estridente e esticado arrombou a garganta
E o bucal divino sem dente com seu eco estremecido!...
E mergulhando nos vales dos montes anunciou o perigo...
Que corria os ocupantes do jipe caído da ponte tonta...
O grito tiniu sem demora nos ouvidos de um caminhante forte!
Que ouvindo, veio logo correndo rápido feito um foguete...
E pulando sobre as águas, logo os salvou daquele acaguete,
Da maligna ponte que sempre entrega alguém a morte!
Aquele caminhante forte que sozinho arrancou das águas
Aquele jipe azul com um casal e duas filhas moças;
Nada mais era de que, “Um anjo contra a tal saga! ”.
“Um grito divino e um socorro forte! - Despistaram as mortes! ”.
Eram dois anjos evitando que as mortes fizessem os abortos
Numa família inteira, ante da sua hora: Oh, Deus que sorte!
Número de páginas | 215 |
Edição | 1 (2017) |
Idioma | Português |
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