Escrever um livro pode ser um ato de vaidade ou um ato de amor. Meu coração me diz que minha irmãzinha Tati, ao colocar em palavras suas experiência de vida, fez isso como uma forma de serviço sem interesse próprio. E o serviço desinteressado é uma das expressões mais significativas do exercício do amor.
Lendo o que escreveu, percebo, de imediato, um compromisso dela com a verdade. Ela não fantasia, não estiliza a realidade, não se esconde por trás de um cenário fictício, mas expõe-se de modo autêntico. Essa, para mim, é a virtude imprescindível a quem se propõe a compartilhar com seu próximo suas vivências.
À medida que eu lia o texto, lembrava-me de um grande amigo meu, que lecionou comigo numa escola tradicional do Rio de Janeiro, o Colégio Andrews, o qual costumava dizer-me que viver é conviver. Viver é a arte da convivência. Muito especialmente, provam a veracidade dessa assertiva aqueles que se relacionam na constância do casamento.
O livro remeteu-me ainda às palavras de outro grande amigo, esse um sacerdote polonês que foi, por dez anos, vigário da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Arraial do Cabo, onde moro com minha família há quase quarenta anos. Quando celebrava um casamento, ele dizia aos noivos, dirigindo-se a um e, depois, ao outro, que ninguém deve casar-se pensando em ser feliz, mas desejando fazer feliz seu parceiro. Pois se as pessoas se casam pensando em ser felizes, fecham-se em si mesmas, ampliam sua consciência egoica, aprisionam-se à sua individualidade, perdendo exatamente a oportunidade da bem-aventurança. Mas se alguém se casa para fazer seu parceiro feliz, e esse parceiro, por sua vez, pensa não em sua felicidade, mas na felicidade do outro, consequentemente serão felizes, pois ultrapassarão os limites encarceradores de seu ego e provarão a consciência da unidade. Não por outra razão, o Mestre Jesus, reiterando palavras das Escrituras judaicas, nos diz que o homem deixa a casa de seus pais, encontra sua mulher, e ambos formam uma só carne.
O livro de Tati, sem afetação, sem subterfúgios, com clareza e sinceridade de propósitos, revela-nos que, fora do amor (aquele amor que, na mensagem de Sathya Sai Baba, comporta a abnegação) não se pode pretender uma convivência feliz no casamento.
Com simplicidade e densamente, o livro vai mapeando para o leitor um caminho de superação de dificuldades, sugerindo que, quando há um projeto fundamentado no amor, todos os obstáculos serão ultrapassados, e isso exige esforço, coerência, denodo, firmeza de caráter. Mostra-nos, de forma incisiva, que só posso contribuir para o bem-estar do outro se eu estiver bem comigo, o que também me remete às palavras bíblicas: "Ama teu próximo como a ti mesmo!". Havendo paz em mim, estou apto a deixar fluir paz para o mundo.
Despertando com o casamento é uma pequena joia preciosa saída do coração de uma pessoa verdadeira, que se revela em sua fragilidade e fortaleza com pureza de intenção, podendo contribuir para a aprendizagem do leitor, especialmente daqueles jovens cuja trajetória é balizada no intuito de construir uma vida plena dos valores que realmente importam.
À minha querida amiga, mais do que amiga, minha irmã mais nova, ou minha filha espiritual, cabe-me agradecer o presente que dela recebi, ao solicitar-me a revisão de seu texto e uma apresentação dele. Revisar o livro foi uma tarefa prazerosa, pois me ensejou lê-lo atentamente. Quanto à apresentação, acho até que seria dispensável, pois o valor do trabalho de Tati já faz, por si só, a apresentação do livro.
De qualquer maneira, foi outro belo presente , enchendo-me de alegria, o pedido de que eu escrevesse este pequeno intróito ao livro. Deu-me outra oportunidade de servir. E, como o livro de Tati o atesta, servir com generosidade é o caminho. Creio que estejamos todos no mundo com a missão de repartir benefícios.
O livro Despertando com o casamento, em que Tatiane Mendonça divide conosco sua experiência na vida conjugal cumpre a razão maior de termos vindo à vida. Por meio dele, Tati reparte benefícios. Somos gratos a ela.
Eraldo Amay
Arraial do Cabo, 20 de dezembro de 2014
Número de páginas | 138 |
Edição | 1 (2015) |
Formato | Pocket (105x148) |
Acabamento | Brochura s/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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