Agitação da alma
Dizem que escolhemos, antes de vir ao mundo, qual será o nosso caminho na vida. Se isso é verdade – e acredito firmemente que é – então devo ter escolhido ser médium. Nasci com a capacidade de sintonizar o mundo espiritual. Eu não vim de uma família religiosa. Nunca me ensinaram nada sobre a vida após a morte. No entanto, de alguma forma eu sempre soube que a morte não era o fim e que aqueles que haviam passado para aquela outra existência não estavam em algum paraíso distante, mas ao nosso redor o tempo todo.
Esse conhecimento coloriu minhas primeiras lembranças. Eu era filha única e passava muitas horas sozinha, brincando no quarto que me foi dado como brinquedoteca. Mas nunca me senti sozinha. Sempre houve pessoas invisíveis comigo. Na verdade, eu não conseguia vê-los. Eu só sabia que eles estavam lá. A presença deles não era intrusiva ou assustadora. Aceitei como algo natural. Às vezes eles falavam comigo na minha cabeça.
Nunca questionei quem eram essas pessoas. Eu sabia que eles sempre estiveram lá e que, de alguma forma misteriosa, eles pertenciam a mim e eu a eles. Eles eram mais próximos de mim do que minha própria família, com quem nunca senti que me encaixava. Talvez por causa desse sentimento de alienação, eu era uma criança muito quieta. Muitas vezes eu me perdia em meus pensamentos e mal falava por dias a fio.
Número de páginas | 117 |
Edição | 1 (2023) |
Idioma | Português |
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