Este livro nasceu de um desejo deste que vos escreve de contar a linda história de João Pereira Elias, o menino português que, aos tenros doze anos de idade, nos meados do século XIX, atravessou o Atlântico para “fazer a América” no Rio de Janeiro e, por dádiva do destino, fugindo da “febre amarela”, veio parar na então freguesia de Caldas, Sul de Minas, onde, aos quatorze anos de idade, viria se tornar o primeiro professor do distrito de “Santa Rita de Cássia”, pequeno botão de rosa a ouvir de seu esplêndido berço, numa colina às margens do Riacho do Rio Claro, o insistente “choro dos paulistas” a reivindicar a doce, terna e desejada paternidade. Ao mesmo tempo, no “Jardim de Santa Rita”, também já havia nascido a bela e “Cândida” flor, Maria, filha do Capitão Cândido José de Carvalho, com a qual se casaria “João Mestre”, o menino português que viria se tornar o respeitável chefe de família e nobre cidadão, João Pereira Elias “Amarante”, que, além de suas funções como brilhante educador e fundador de escolas, tornar-se-ia, ainda, um dos maiores gênios do jornalismo sul-mineiro ao lado de tantos outros respeitáveis nomes que se somaram ao riquíssimo “baú da história” que nos foi legado. Em nome de Caldas, Santa Rita de Caldas, Ouro Fino, Poços de Caldas, Campestre, Andradas, Ibitiúra, Ipuiúna, Espírito Santo do Pinhal, São João da Boa Vista e tantos outros municípios dos dois Estados;
Obrigado, João Pereira Elias Amarante!
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Foi nos meados do ano de 2021, quando dei início às pesquisas para o livro de genealogia “O Trem Fantasma da Estação Rio Tinto”, que tive os primeiros contatos com o magnífico legado do professor e jornalista português, João Pereira Elias Amarante que, ainda menino, chegou a Caldas vindo do Rio de Janeiro pela “Garganta do Embaú” fugindo da devastadora epidemia de “Febre Amarela”.
Meu avô dizia que o valente rapazinho, com doze anos de idade, atravessou o Atlântico acomodado entre barricas de vinho no porão de uma grande embarcação.
Não são muitas as informações sobre sua chegada ao Rio de Janeiro, a não ser que trabalhou no comércio local por cerca de ano e meio para o empresário, amigo e conterrâneo, senhor Leão, antes de vir para Caldas, onde prestou serviços por algumas semanas para o Major João Procópio, militar da Guarda Nacional.
Pela “estrada velha do Baependy”, ora a cavalo, ora a pé, João por vezes se escondia das tempestades nas inúmeras “capelinhas de santa cruz”, locais esses que, por vários dias ou semanas, serviram-lhe de abrigo e pousada nas intermináveis noites de solidão dos caminhos das gerais.
Quantas lágrimas de saudade derramadas?!... Porém o destemido João não precisava a todo tempo se fingir de durão; pois nem mesmo a já bem distante Vila Amarante testemunhou seu pranto na despedida.
Seguindo o rastro de um vigário da “terrinha natal”, com seus quatorze anos de idade, João chegou a Caldas por volta do ano de 1855 conduzido pelas peripécias do destino, para escrever a sangue, ferro e fogo, a sua própria história e a história da povoação da chamada “Caldeira Vulcânica” do Sul de Minas Gerais.
Ali chegando, por intermédio do tal padre, conheceu o Capitão Cândido José de Carvalho, na ocasião tenente da Guarda Nacional de Caldas, destacado para o posto de comando do pequeno povoado de Santa Rita de Cássia, às margens do Rio Claro, ponto de bifurcação da “estrada do Ouro Fino” com a trilha de acesso à antiga “estrada do Goiás” e o vilarejo de São Sebastião do Jaguary, atual Andradas-MG.
O Capitão Cândido José de Carvalho, patriarca da família “Dias de Carvalho” da região de Santa Rita de Caldas e um dos co-fundadores do então povoado de Santa Rita de Cássia ao lado do Capitão Antônio Martins, segundo palavras do próprio João Amarante no jornal “Comarca de Caldas”, era na ocasião a principal autoridade do lugarejo, cujo número de habitações não passava de uma dúzia em volta da belíssima igreja de Santa Rita de Cássia construída pelo Capitão Antônio Martins com a preciosa ajuda de militares e fazendeiros da região, dentre eles o próprio Capitão Cândido J. de Carvalho, que, por obra do destino, viria se tornar um dos principais responsáveis por aquele povoado.
E foi nesse exato contexto que o “Menino Mestre” João Amarante foi parar na Fazenda Grotão, bairro Maranhão, para alfabetizar os filhos mais novos do Capitão e dos seus agregados.
Naquela Fazenda João conheceu a linda e meiga Maria Cândida, a filha predileta do patrão, com quem mais tarde contrairia núpcias entrelaçando seus destinos por mais de meio século sob as bênçãos de Deus e de Santa Rita de Cássia.
Após sua passagem pela Fazenda Grotão, a convite do meu trisavô, Cel. Domingos Antônio da Fonseca, João passou novamente pelo bairro “Maranhão”, onde improvisou uma pequena escola para alfabetizar seus filhos e netos, além dos sobrinhos e dos filhos dos seus agregados. Antes de voltar para a freguesia de Caldas, onde, ao lado da esposa Maria Cândida construiu o seu futuro, João Mestre, a pedido do Capitão Cândido, ainda voltaria ao vilarejo de Santa Rita de Cássia do Rio Claro onde montou uma escola para alfabetizar os moradores e seus filhos, escola essa que entraria para a história como a primeira daquela localidade.
Ao longo de sua vida, além de fundar, dirigir e editar importantes jornais, João também criou várias instituições de ensino, sendo três delas nas cidades mineiras de Andradas, Caldas e Poços de Caldas, e uma em Espírito Santo do Pinhal no vizinho estado de São Paulo. Em Espírito Santo do Pinhal fundou o Colégio Divino Espírito Santo, participou da comissão de obras da atual Igreja Matriz e criou o jornal “Gazeta de Pinhal” por volta do ano de 1888. Nessa cidade, junto aos pais de alguns de seus alunos, revisitou locais dos marcos originais das divisas entre Minas Gerais e São Paulo e, durante muitos embates com o jornalista Silviano Barbosa, editor do jornal “Cidade de São João”, afirmava categoricamente com base em vários estudos documentais, que, por má fé de alguns fazendeiros da região, houvera mudança dos marcos em prejuízo do Estado de Minas Gerais. Na cidade de Poços de Caldas, além de ter feito parte da equipe de transição para a criação do novo município e ter sido vereador da primeira legislatura da Câmara da Câmara Municipal, João Amarante fundou o “Colégio São Luiz” e o “Correio de Poços”, tendo sido esse o primeiro jornal daquela cidade.
Sobre a chegada de João Pereira Elias Amarante a Santa Rita de Cássia do Rio Claro e a criação da primeira escola da vila, falaremos nos próximos capítulos.
E como diria o “Velho Mestre”; este humilde trabalho, de beleza e formosura não tem nada. Entretanto essas mal digitadas linhas têm como fundamental objetivo despertar o interesse da juventude para a riqueza desse legado, pois graças a ele, hoje, acessando esse mágico portal que nos leva ao passado, como já dito anteriormente, é possível sondar marcas deixadas pelos passos dos nossos antepassados.
Porém, devido à degradação natural e a necessidade da preservação do contexto de cada arquivo, a redução da fonte em muitos casos foi necessária e, por esse motivo, peço desculpas antecipadamente aos futuros leitores e sugiro o uso de lupa para contornar essa inconveniência.
Abraços;
Laércio J Carvalho
Ouro Fino; 18 de novembro de 2024.
ISBN | 9786586632316 |
Número de páginas | 274 |
Edição | 1 (2024) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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