LUNNA

Rasgo aos gritos minha garganta, liberto-me de tudo aquilo que engulo em silêncio, exorcizo meus sentimentos expulsando os demônios contidos em meu coração.

Sobre mim conheces apenas o que há do rosto para fora, pois da alma para dentro poucos chegaram vivos.

Para começar, às vezes nem sei quem sou, perco-me entre a ponta da caneta e a tinta que risca o papel, mas conheço cada caminho que minhas lágrimas fazem ao percorrer meu rosto.

Nunca fui santa, tão pouco cheguei perto do paraíso, mas conheço-me o suficiente para saber o paraíso que é meu corpo, o esconderijo perfeito da minha alma, portanto, poupe suas palavras ao descrever-me, faço questão de que todos leiam-me.

Estão vendo essas linhas em meu rosto? Não são rugas, mas sim os traços da minha história, pois ao contrário de vocês nessa vida eu nunca fui momento, desde meu primeiro choro escrevi minha história, nessas linhas ausentam-se coragens e medos, destaca-se o instinto de apenas ir e fazer.

Já tomei tantos rumos que da estrada não tenho medo, por cada caminho há um pouco de mim, deixei pelas placas um pedaço do meu coração pois assim não me sentirei só ao perder-me por aí, mas se o acaso vier e tu encontrar-me, saibas que não ficarei, afinal, o mundo é grande demais para ficar girando no mesmo lugar.

Asas não criei, mas ao fechar meus olhos saberei como sair voando daqui.