Imagine três amigos. No caso, dois amigos e uma amiga que desejam coroar os muitos anos de amizade com uma viagem juntos a uma Paris que cada um dos três conhece bem, mas na qual nunca estiveram juntos antes. No entanto, eles terão sua amizade duramente posta à prova: uma pesada tempestade muda seus planos, e eles vão parar em uma casa onde cada um pode ver e ouvir coisas que, às vezes, desdobram-se em vivências concretas e muito significativas, e passam a ser a experiência de todos. Longe de aproximá-los mais, contudo, de fazê-los compreender uns aos outros com maior tolerância, essas estranhas aventuras levam-nos a uma crise sem precedentes... que, por sua vez, os conduz a novas experiências...
Para quem consegue realmente chegar até ela, a Casa do Fim do Mundo é como uma imensa cidadela — com as paredes cheias de pensamentos e memória, e os corredores repletos de estranhas e às vezes assustadoras surpresas — da qual nossos amigos, inicialmente, só conseguem franquear o anexo, que aparenta ser de construção mais recente, e na qual só conseguem entrar, não por vontade deles mesmos, nem por sua iniciativa, mas por vontade e iniciativa da própria casa, que os acolhe em seu seio, como uma mãe excessivamente severa, que desejaria educar seus filhos pela experiência direta e muitas vezes traumatizante. Isto implica em vivências tão diversas quanto as que acontecem na vida, mas carregando surrealmente nas tintas, para que os teimosos candidatos à conquista de uma amizade verdadeira possam cair da importância atribuída a si mesmos e ficar à mercê daqueles acontecimentos tão ternos — mas sempre surpreendentes e assustadores — do qual participam, inclusive, misteriosos e fugidios habitantes da casa, que dificilmente se mostram e raramente os consideram bem-vindos.
Devo acrescentar que reconheço, nesta trama, traços ficcionais insólitos, mas preciso também ressaltar que a inspiração para a sua criação vem de três de meus amigos — uma amiga e dois amigos — que realmente existem, e viveram, em corpo e alma, problemas agudos relativos à sua supostamente sólida amizade, mas nunca confessaram isto uns aos outros, e tampouco a si mesmos. Da mesma forma, vem de um outro amigo meu que, sem que tivesse procurado, passou por uma experiência semelhante às de nossos personagens desta história. De tão traumatizante que foi sua vivência, ele procurou sepultá-la no esquecimento, e nunca mais voltou a referir-se a ela. Esta é, portanto, uma história ficcional, sem dúvida. Mas com raízes em experiências e acontecimentos possivelmente reais, que nos sugerem ser às vezes preferível não se apostar tão entusiasticamente na ficção.
Número de páginas | 262 |
Edição | 1 (2024) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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