Não vim nomear as tuas dores.
Vim confessar as minhas —
e, ao confessá-las,
deixá-las nascer de novo,
como Clarice dizia que a palavra nasce:
“antes de viver, estremeço”.
Aquelas dores que se escondem
entre o meu peito e a garganta,
pulsando angústia, culpa, silêncio —
e que, ao escrevê-las,
talvez se tornem menos minhas
e mais nossas,
perigosamente nossas.
Há feridas que não pedem cura —
pedem que eu fique.
Comigo.
Contigo.
São o vazio que me move,
a sombra que me guia,
o silêncio que me canta
quando o mundo é ruído demais
para eu suportar sozinha —
e eu, tão desarmada,
como quem “não sabe como se chega ao que se é”.
É uma travessia sem mapa,
tecido dos fios mais frágeis que tenho —
os que rasguei de mim mesma,
sem saber se era eu ou o outro.
Não apaga o sofrimento.
Transforma-o em canto,
em gesto,
em liberdade que mal cabe
no meu peito partido —
um peito que late, late, late,
e ainda assim não explica.
Aqui, Freud me abriu os corredores do inconsciente
onde ainda ouço a criança que fui chorar —
e chorar é viver de novo.
Jung me ensinou a abraçar a sombra
que sempre temi ser —
“eu sou eu e sou o meu outro”.
Lacan me fez dançar com a falta
que nunca soube nomear —
o desejo é o desejo do Outro,
e eu, perdida nele.
Klein me mostrou como tecer reparação
com as mãos que ainda tremem —
reparar é amar de volta.
Winnicott me acolheu no brincar
quando já não sabia brincar —
e no brincar, soube que existo.
Bicudo me lembrou que o silenciamento
também é coletivo —
nós somos o que nos c
| Número de páginas | 307 |
| Edição | 1 (2025) |
| Formato | A5 (148x210) |
| Acabamento | Brochura c/ orelha |
| Coloração | Colorido |
| Tipo de papel | Couche 90g |
| Idioma | Português |
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