"QUEM SOU EU"
(Nepom Ridna)
Um acidente da natureza;
Acidentalmente fui empurrado ao óvulo pelos outros espermatozoides quando Eu tentava desesperadamente não entrar nele.
"Eu queria uma vida mais curta, mas me forçaram a uma morte mais longa."
"Espero não estar entrando novamente em algum outro óvulo" sei lá!
A partir do trágico incidente com o óvulo; foi criado em mim, formas e sentidos para serem mutilados pelos caminhos da destruição.
Fui expulso de minha melhor morada onde habitei por nove meses.
Eu queria ficar lá, era legal! Tudo era mais fácil! Mas fui expulso, mutilado, espancado, forçado a respirar e chorar...
Dava-se início então a um tormento de loucura sem nexo.
"Por que o mundo tem que ter todas as peças?"
Entre; choros, vômitos, fezes, risos... Fui mim despedaçando pelos dias.
"Não sei definir quem sou. Pois sou acúmulo do que fui, sem exatidão do que serei."
Mas existem fragmentos de mim em quase toda parte;
Desde os dejetos expelidos quando ainda habitava num ventre, até o instante que digito essa última letra.
Fragmentei-me no momento em que no 'gozo' fui expelido já como um projeto...
...Na frustração que causei aos outros espermatozoides quando fecundei o óvulo...
...Nas sensações que causei aos presentes na hora do parto...
...Nas bactérias, germes, que foram alimentados pelo meu cordão umbilical jogado a esmo...
...Nos sonhos, planos, desejos, desilusões que causei a alguém...
...Sei que atingirei o ápice de atenção em meu anúncio fúnebre. Mas de nada, para mim, valerá.
(Nepom Ridna)
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