Prefácio
Por exigência da cadeira de Psicologia Diferencial da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, escolhi avaliar a estrutura valorativa de Vincent W. Van Gogh, segundo a tipologia proposta por E. Spranger.
A vida e a obra deste artista sempre me intrigaram, sua personalidade controvertida, misteriosa até e sua obra personalíssima, única, sem igual. Para tanto, tomei por base sua biografia de vários escritores e, principalmente, as cartas que escreveu para seu irmão Théo, durante toda a sua vida.
A organização dos valores sustentada por ele se reflete no seu comportamento e nas suas obras, influenciando sobremaneira sua vida pessoal e social.
Vincent tinha o estético, o belo, como valor predominante e imperioso e quando qualquer outro valor subordinado tentava dominar, ele se desequilibrava mentalmente, revelando instabilidade psíquica, sendo necessária uma reorganização pessoal imediata.
Sua estrutura estética dominante imprimia orientação típica às subordinantes, que se submetiam em relação à imperiosidade da necessidade do belo e do harmônico.
À medida que eu avançava no conhecimento deste homem, aparentemente tão paradoxal e incompreendido, foi a mim se desvendando uma pessoa admirável, impulsionada e guiada pela estrutura da escala de valores por ele sustentada.
Pintor, poeta, escritor, sensível, Vincent descobriu a íntima unidade do ser e da existência, da vida e do cosmos, do espírito e da natureza contemplativa, devotado a todas as manifestações da criação humana e natural.
É impressionante como ele descrevia a natureza, seus quadros e tudo o que via, a ponto de seu amigo carteiro dizer: “Ah! Senhor, quando descreves as coisas, eu vejo que em toda a minha vida tenho sido um cego”.
Para Van Gogh, a arte era o homem acrescentado à natureza, à realidade, à verdade, mas com um significado, com uma concepção, com um caráter, que o artista ressalta e aos quais dá expressão, “resgata”, distingue, liberta, ilumina.
Vincent queria que o vissem como um homem que sentia profunda e delicadamente, apesar de sua suposta grosseria e excentricidade. Ele gostaria de, através de sua obra de arte, mostrar o que existia em seu coração.
Vincent buscava, fundamentalmente, o amor. Dizia: “Quanto mais eu reflito, eu sinto que não há nada de mais realmente artístico que amar às pessoas. Mas é preciso amar”.
Antonin Artaud, escritor e dramaturgo diretor de teatro, autor de “Van Gogh, O Suicidado da Sociedade” escreveu: “Vincent era uma destas naturezas de lucidez superior que lhes permite, em todas as circunstâncias, enxergar mais longe do que o real imediato e aparente dos fatos”.
Em 1889 Vincent escreveu à Théo: “Espero que a família seja para você o que para mim é a natureza, os torrões de terra, a relva, o trigo amarelo, o camponês...” Ao ver seu irmão tão paternal com seu filho disse: “Bem, Théo, cada homem com seu próprio meio. Tu criaste em carne viva... e eu crio na pintura”.
A autora
Número de páginas | 147 |
Edição | 1 (2021) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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