Tratado sobre os Estudos Monásticos

Por Dom Jean Mabillon (Autor); Ariel Placidino Silva (Editor)

Código do livro: 702693

Categorias

Historiografia, História & Teoria, História E Filosofia, Vida Cristã, Teologia, Geografia E Historia

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Sinopse

Esta é uma antiga questão, que tem sido renovada de tempos em tempos, e que se tornou famosa em nossos dias, a saber, se é apropriado que os solitários se dediquem aos estudos. Comumente entendemos por este termo “estudos” certos exercícios comuns e regulados, que são feitos para aprender as ciências, tais como são hoje os cursos de filosofia, teologia, e outros semelhantes, cujo conhecimento é conveniente ou necessário para os eclesiásticos.

Portanto, não se trata aqui da leitura ou da aplicação particular a certos assuntos que se relacionam com o estado monástico: pois ninguém ainda se aventurou a reprovar nos solitários esses tipos de ocupações, que são recomendadas a eles em todas as regras, tanto antigas quanto modernas.

Não é que ainda não haja dificuldade na extensão que se pode dar à matéria que faz o assunto desta aplicação particular: alguns pretendem que ela deve ser unicamente confinada nas escrituras sagradas, ou em tudo, ou mesmo em parte, e nos livros que tratam das coisas monásticas e ascéticas: e outros querendo, pelo contrário, que esta aplicação se estenda ao conhecimento de todas as ciências, que podem ser adequadas para os eclesiásticos.

Encontra-se quase menos dificuldade no fim que os solitários podem ou devem se propor na busca desses conhecimentos: pois uns são de opinião que eles não podem ter outros senão sua própria instrução, e sua perfeição particular: os outros, pelo contrário, estimam que eles podem relacionar esses conhecimentos à própria instrução do próximo, para serem empregados quando os superiores e os pastores da igreja julgarem apropriado.

Todas estas dificuldades juntas nos mostram que é necessário examinar bem esta matéria dos estudos, uma vez que, por um lado, ela é muito importante, e que, por outro, ela encerra tantas dificuldades. É isso que me levou a tratar deste assunto, depois de ter sido solicitado várias vezes, não só por aqueles que têm o direito de exigir de mim, mas também por vários dos meus amigos, que acreditavam que esta matéria, não tendo sido ainda suficientemente esclarecida, era importante examiná-la a fundo.

Sei bem que nem todos terão o mesmo julgamento, e que há certos espíritos delicados que imaginam que o público não deve ter nenhum interesse em tudo o que leva em título o nome de monges ou coisas monásticas, a menos que contenha a crítica ou a sátira. Mas nem todo mundo é tão difícil, e as pessoas equitativas julgam, pelo contrário, que se pode trabalhar utilmente para esclarecer o que diz respeito ao estado monástico, depois que o mais eloquente dos pais gregos, entre outros, empreendeu tão generosamente a defesa. Portanto, não dei muita atenção a essa falsa delicadeza, e não foi isso que me fez hesitar por algum tempo para me determinar a esta empresa. A dificuldade que eu via, e a extensão que eu acreditava que deveria ser dada a ela, causaram muito mais impressão em minha mente: mas o que mais me desviava era que um grande servo de Deus, que hoje faz tanto honra ao estado monástico, explicou-se de uma maneira tão nobre e tão elevada sobre este assunto, que é difícil ter sucesso depois dele: visto que se seguirmos seu sentimento, haverá poucas coisas a acrescentar: e se nos afastarmos dele, corremos um grande risco de não ser aprovados.

D. J. M.

Características

Número de páginas 280
Edição 1 (2024)
Formato 16x23 (160x230)
Acabamento Capa dura
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Polen
Idioma Português

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SacraTeológica

Quatro fatores deram azo a este projeto:

Primeiro, no que concerne à nobreza do cidadão, isto é, prover à sociedade o que está ao meu alcance, contribuindo assim para o desenvolvimento intelectual da mesma, da qual eu dependo, e da qual depende a provisão, de igual maneira, de cada um que a compõe. Isto, li e aprendi de Lélio a Cipião, em "A República" de Cícero, o orador latino.

Segundo, o entesouramento literário da nossa amada língua, conferindo voz a este idioma com obras de considerável repertório cultural, provendo a dimensão do conhecimento brasileiro e a profundidade em seu juízo. Nisto fui inspirado pelo testemunho do historiador judeu Flávio Josefo, que em sua "História dos Hebreus", ao relatar a tradução da Tanakh para o grego, louvou a Deus pela contribuição da Septuaginta para o idioma helênico.

Terceiro, o modo como se preza e valoriza aqueles que, com tanta devoção, se prestaram a servir, honrando-os ao mantê-los em memória, perpetuando suas obras entre nós. Homens dignos de nosso crédito pelo mérito de exercerem com magistral habilidade seus talentos. Que seu exemplo nos inspire para que, da mesma forma, ofereçamos a satisfação do que o tempo nos requer. Disso, aprendi de Sócrates, o sábio grego, que - segundo as palavras de Xenofonte em sua "Apologia" - não deixou de expressar de onde tomava seu consolo diante da morte: que, após a vida, há gozo em reencontrar aqueles que em vida o proveram de conhecimento.

Quarto, e último, para mim de maior significância, pois cruza a limítrofe do perpétuo e adentra a dimensão do que é eterno. É o fato de poder oferecer à Igreja os pensamentos e os testemunhos daqueles que, pelo dom investido, se fizeram necessários àquilo que orientou o decurso de seu berço e sagrada missão. Apontando o que se infere de seus resultados - que Nosso Senhor nunca deixou de guiá-la, repreendê-la e ensiná-la. Disso erigiu meu intento, e nisso descansa meu propósito. Pois há um chamado entre nós que visa à edificação daquela que nos acolhe (Efésios 4:12).

Que sejais vós, que me assistis, testemunhas contra ou a favor de mim no que tange ao comprometimento do que entendo por obrigação. Poder ver, sob esses quatro propósitos, que não faço nem ouso passar a vida em vão; antes, depreendo-me a todo zelo em cumprir o que a dádiva deste tempo me confiou. Isso reconheço, como de igual modo entendo que isso há de exigir o usufruto do que gozo. Não me valer dos recursos em mãos é negar os fins de minha existência, que, enfim, compreendi, nasci para encarar. Pois sou cônscio de que aquele que me legou as sementes para semear voltará e há de me requerer os frutos da boa terra que me outorgou (Mateus 25:14-30).

Quanto ao sucesso deste empreendimento, creio não consistir no número de vendas, mas, como ensina em suas "Confissões" o mestre Agostinho, pai dos teólogos - que confessa ser ensinado pelo Logos, Pai dos mestres - o julgamento se dará sobre a disposição dos frutos, isto é, sobre a sinceridade que se devota a uma obra, não pela existência da dádiva, pois esta, de nós, nunca procedeu, mas sempre foi procedida daquele que tudo nos concedeu!

Eis então, amados irmãos, aos quais devo a vida em servir. Os frutos de meu culto racional (Romanos 12:1)!

Que ressoe, enfim, o eco daquela voz que nos move!

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1 comentários
Ariel
Quinta | 25.07.2024 às 14h07
Finalizado mais um título para somar as fileiras do acervo literário de nossa língua! Considerando a carência de informação a respeito, o intento desta coleção se propõe a sanar tal lacuna. Conhecer as formas que assumiram - o que foi por muito, o epicentro da figura religiosa ocidental - desde as origens de seu movimento até sua forma ideal nutrida em uma instituição que pelos tempos, foi regulada, proverá ao estudioso de história eclesiástica a compreensão do desenvolvimento das tradições religiosas mais influentes da idade média. Explorada por pesquisadores de renome, autoridades no assunto, quais fazem desta coleção, indispensável para qualquer um que se dedique a entender as doutrinas, nuances, características, influências e diferenças do movimento monástico ao decorrer de toda sua história. Boa leitura e bom proveito a todos que comigo compartilham essa disposição!